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Modificações Feitas [nas Escrituras] Pela Sociedade Torre de Vigia

Por: http://www.textosdareforma.net

"As Testemunhas de Jeová reconhecem-se endividadas para com todas as muitas versões da Bíblia que usaram em chegar à verdade da palavra de Deus. Entretanto, todas estas traduções, até a mais recente, têm os seus defeitos. Há incoerências ou traduções insatisfatórias, infectadas de tradições sectárias ou filosóficas mundanas, e, por conseguinte, não estão em plena harmonia com as sagradas verdades que Jeová registrou na sua Palavra”.(STV, 1966, p.315).

Quanto à TNM vejamos o que a STV afirma: “Demonstra-se também fidelidade por ser literal. Isto quer uma correspondência quase que palavra por palavra no tocante à tradução, entre a versão inglesa e os textos hebraico e grego. O grau da natureza literal deve ser tão elevado quanto as expressões idiomáticas da língua original permitirem na sua apresentação em inglês inteligível”. (Cp.cit.,p.317).

Como vemos nas citações acima, a STV afirma que sua tradução é fiel aos originais hebraico e grego e que as demais versões contêm erros grotescos.

5.1 – O NOME DE DEUS

Vejamos como o nome de Deus foi traduzido do hebraico para a Septuaginta (doravante LXX), que é a tradução feita para o grego por setenta sábios judeus em Alexandria, a pedido de Ptolomeu Filadelfo (285-247 a.C.). Também analisaremos a própria Bíblia Hebraica, o NT grego e as versões de João Ferreira de Almeida, Revista e Corrigida (doravante ARC) e a Revista e Atualizada (doravante ARA).

Ensinam as Testemunhas de Jeová que Deus só possui um nome. Na realidade, em hebraico aparecem vários termos para se referir a Deus. Os nomes de Deus representam a sua própria natureza e confirmam suas obras. No AT e para a nação hebraica, o nome era a própria personalidade da pessoa, seu próprio caráter. Vejamos o caso de Jacó que significa suplantador, enganador. De fato, Jacó procedeu dessa forma. Enganou seu irmão Esaú, ao fazê-lo vender seu direito de primogenitura (Gn 25.27-34), enganou seu próprio pai para receber a bênção (Gn 27.1-46), mas, depois  de seu encontro    pessoal    com   Deus,  no   Vau  de   Jaboque,  resultou  que  em  sua  personalidade e seu caráter foram  transformados. Israel significa “Príncipe de Deus”.

A Bíblia nos mostra que Deus se manifestou a seu povo em várias circunstâncias, de várias maneiras e por vários nomes. Há duas classes dos nomes de Deus: genéricos e específicos. Genéricos  são  aqueles  que são ou podem ser usados para identificar  divindades Pagãs, além do próprio Deus. O primeiro deles é EL - la - que significa aquele que vai adiante ou começa as coisas, é o nome mais usado na Bíblia para identificar divindades pagãs. Nas traduções em português encontramos o  termo Deus.

O segundo nome genérico  que apresentamos é EL ELYON – Nwyle -que significa subir, ser elevado, designa Deus como Excelente, Deus Glorioso. Podemos encontrá-lo em passagens como Nm 24.16; Dt 32.8; Sl 7.17; 9.2; 57.2; Dn 7.18,22,27.

O terceiro e último genérico é ELOHIM - Myhla - que aparece 57 vezes no AT. Significa Ser adorado, Ser excelente, temido e reverenciado. Gênesis 1.1 usa esse termo: No princípio criou Deus (Elohim) os céus e a Terra.

Passaremos a seguir aos nomes específicos de Deus. São eles: EL SHADAY, ADONAY, YAHWEH.

EL SHADAY  -  ydv la - significa  ser forte, todo poderoso. “O termo shaday aparece com  freqüência  na  era patriarcal; só no livro de Jó esse nome ocorre 31 vezes”. (Silva, 1993, p.108). Podemos  encontrá-lo  também  em  Êx 6.3; Gn  17.1;  49.25; Nm 24.4; Rt 1.20,21; Sl 91.1; Is 13.6; Ez 1.24;Jl 1.15.

ADONAI  - ynda  -  por sua vez, ressalta a Soberania de Deus na criação. Para os judeus os nomes Adonai e Yahweh são sagrados, não usam na rua nem em seu cotidiano. Yahweh, por exemplo, nem nas sinagogas é usado.

Na LXX os nomes Adonai e Yahweh foram traduzidos como ku/rioj  (kirios) que significa Senhor. Este último termo é usado no NT tanto para Deus Pai como para Deus Filho e uma vez para Deus Espírito (Mt 3.3; Jo 21.17; 1 Co 3.17).

Quanto ao Tetragrama YHWH - hwhy - que apareceu no AT, devemos esclarecer que nem mesmo os judeus de hoje sabem sua pronúncia. Na língua hebraica não existem vogais.  Desde os tempos interbíblicos sua pronúncia ficou desconhecida. Na Idade Média, os rabinos inseriram no Tetragrama as vogais da Palavra Adonai, portanto a pronuncia YEHOWAH teve sua origem com os rabinos da Idade Média. Esses sinais são conhecidos como massoréticos. Porém, os rabinos ao invés de pronunciarem o Tetragrama, pronunciavam Adonai no seu lugar. “Só a partir   de  1520  é  que  os  reformadores  difundiram o  nome ‘JEOVÁ’ que, como já vimos , é uma corruptela do artifício dos rabinos, e, portanto, não é um nome bíblico. O nome ‘JEOVÁ’ foi convencionado pelo homem”. (Cp.cit., p. 113).

No NT, não aparece o Tetragrama, e sim, a palavra  ku/rioj (Kirios). “Existem atualmente 5.309 manuscritos gregos do Novo Testamento espalhados em museus e mosteiros por toda a Europa, datados desde o século II AD ao advento da imprensa no século XIV. Nenhum deles traz o Tetragrama”. (Cp.cit., p. 117).

Vejamos o primeiro versículo da TNM onde aparece o nome Jeová comparado com o NT grego: “Mas, depois de ter cogitado estas coisas, eis que lhe apareceu em sonho um anjo de Jeová, dizendo: José, filho de Davi...” (STV, 1986, p. 1213).O texto grego afirma: “tau=ta de\ au)tou= e)nqumhqe/ntoj i)dou\ a)/ggeloj kuri/ou kat )o)/nar e)fa/nh au)t%= le/gwn: )Iwshf ui(o\j Daui/d...”(Nestle-Aland, 1993, Mt 1.20). Vejam que não existe a palavra Jeová ou Iavé, e sim, a palavra  ku/rioj (kirios). Este  é apenas  o  primeiro  versículo que analisamos para dizer que a TNM não é fiel aos originais gregos e que somente o nome Jeová, como afirmam, é o verdadeiro nome de Deus não procede. Nada  nos  impede  de  chamarmos   Deus  de   Jeová, porém, afirmarmos que devemos nos dirigir a Ele somente por esse nome e  que não podemos chamá-lo de Senhor é um erro cometido por falta de conhecimento bíblico.

O próprio Senhor Jesus Cristo iniciava suas orações chamando Deus de Pai (Mt 11.25;26.39-42; Mc 14.36; Lc 10.21; 22.42; 23.34-36; Jo 11.41; 12.27,28; 17.1-26) e não chamando-o de Deus Jeová como fazem os adeptos da STV.

Ku/rioj (kirios) que significa senhor, amo, dono, sempre contém a idéia de legalidade e autoridade. Freqüentemente se  emprega  ao  lado  de  despo/thj (despotës), que significa um dono. Na LXX ocorre acima de 9000 vezes. Na maioria  das vezes substitui o próprio nome de Deus (6.156). No NT, aparece 713 vezes, na maioria nos escritos de Lucas (210 vezes) e nos de Paulo (275). Isto se dá porque tanto Paulo como Lucas escreveram para áreas dominadas pela cultura e línguas gregas. Em Marcos, aparece apenas 18 vezes; em Mateus, 80; em João, 52 ; em Hebreus, 16, em 1 Pedro, 8 ; em 2 Pedro, 14 ; em Judas, 7 e em Apocalípse, 23.Conforme o uso linguístico das sinagogas helenísticas, Deus é freqüentemente chamado de ku/rioj (kirios), especialmente nas citações do AT, onde aparece o termo Javé.

Quando ku/rioj (kirios) é usado para Jesus, em primeira instância, se equivale a Rabi , neste caso, falamos do Jesus humano, mas, ku/rioj também é usado para o Jesus Glorificado. Na Igreja primitiva, se usava a frase ku/rioj   )Ihsou=j (Jesus é Senhor), esta confirmação é a do mais antigo dos credos.

5.2 – A TRIUNIDADE DE DEUS

Um dos ataques mais contundentes que as Testemunhas de Jeová fazem ao cristianismo é em relação à Triunidade de Deus. A STV baseia-se na razão humana para afirmar que não existe a Trindade. Dizem que um único Deus não pode ser três pessoas distintas e ainda assim ser um só Deus. Além disso, usam o argumento de que comunidades pagãs cultuavam certas tríades ou trindades, como os egípcios, babilônios, hindus e outros povos. Porém esse argumento é fraco para afirmar a não existência da Trindade. Neste caso, Abraão jamais poderia ter sido circuncidado e feito o mesmo com sua casa, pois, a circuncisão era praticada por muito tempo antes de ser instituída por Deus para o seu povo. “A prática da circuncisão parece ter existido entre outros povos. Eichrodt, afirma que o rito é de uso universal e era praticado na puberdade, para garantir a fertilidade do casamento, como um ato de consagração do jovem esposo: e que em Israel, fora transferido para a infância, algo relacionado com a abolição do sacrifício de crianças”.(Ferreira, 1997, p.43).

O mesmo se pode dizer do batismo. Quando João Batista apareceu batizando, isso não era algo inédito, à semelhança da circuncisão, o batismo era praticado por outros povos pagãos. “O batismo não é um rito inteiramente novo que o cristianismo tenha inventado. Já existia na antiga dispensação e era praticado por religiões pagãs. O cristianismo adotou-o para seus fins, dando-lhe uma finalidade própria, como fez com outras instituições e cerimônias”. (Cp.cit., p.147).

Outro argumento da STV é que a palavra Trindade não aparece na Bíblia. Os termos onipotente, onipresente, transcendente, também não aparecem nas Escrituras e nem por isso deixam de ser atributos de Deus. O que dizer do termo Salão do Reino, que também não aparece na Bíblia e que a própria STV usa, negando o uso da palavra  e)kklhsi/a (ekklesia - igreja) ?O termo Trindade foi cunhado primeiramente por Tertuliano (155-200), um dos pais latinos da Igreja. Sua apologia consistia em que a Deidade era uma só substância que consistia em três pessoas.

No AT, existem sugestões claras da Trindade.  Notamos  a  freqüente menção do Espírito de Deus, do Anjo do Senhor e do plural de majestade em Gn 1,26 e 11.7.

As Escrituras afirmam que somente Deus é o Criador (Is 44.24; 45.5-7), mas ao mesmo tempo diz que Pai, Filho e Espírito Santo criaram o universo:

  • O Pai é o criador: Ne 9.6; Jr 27.5: Sl 146.6; At 14.15

  • O Filho é o criador: Jo 1.1-3; Cl 1.16-18; Hb 1.2,10

  • O Espírito Santo é o criador: Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30

Vejamos o seguinte versículo da primeira carta de João: “Pois há três que dão testemunho [no céu: O Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um” (1 Jo 5.7). A TNM neste mesmo versículo diz:: “Porque são três que dão testemunho: o espírito, e a água, e o sangue e os três estão de acordo”. (STV, 1986, p. 1523). O texto grego afirma o seguinte: “ o)/ti trei=j ei)si\n oi( marturou=ntej  e)n t%= ou)ran%=, o( path/r, o( lo/goj, kai\ to\ (/Agion Pneu=ma: kai\ au(=toi o(i trei=j e(/n ei)si”.(T.B.S., 1994, 1 Jo 5.7). Notem as palavras: path/r( Pai ), lo/goj ( Palavra ),  (/Agion Pneu=ma ( Espírito Santo), trei=j  e(/n ei)si (esses três são um). A STV modificou “são um” para “estão de acordo”.

São inúmeros os textos que podemos citar comprovando a Triunidade de Deus. Vejamos os seguintes: Ora o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”.(2 Co 3.17). A STV traduziu da seguinte forma esse versículo: “Ora, Jeová é o Espírito e onde estiver o espírito de Jeová, ali há liberdade”. (STV, 1986, p.1445). O original grego afirma: “ o( de\ ku/rioj to\ pneu=ma/ e)stin: ou(= de\ to\ pneu=ma kuri/ou, e)leuqeri/a”. (Nestle-Aland,1993. 2 Co 3.17). Notem que a STV trocou o termo ku/rioj por hwhy, mas o fato que nos chama atenção é que mesmo na TNM dá-se a entender que o Espírito Santo é Deus. Se o Senhor não é o Espírito Santo, que Espírito é esse que Paulo se refere?

Em Atos dos Apóstolos há o caso de Ananias e Safira. O texto nos diz que eles mentiram ao Espírito Santo e mentindo ao Espírito Santo mentiram a Deus. “Então, disse Pedro: Ananias, porque encheu Satanás teu coração, para que mentisse ao Espírito Santo(...)Não mentiste aos homens, mas a Deus”. (At 5.3,4). Na TNM lemos: “Mas Pedro disse: Ananias, porque te afoitou Satanás a trapacear o Espírito Santo (...) Trapaceaste não a homens mas a Deus”. (Cp.cit., p. 1366). Vemos aqui, que apesar da troca de palavras, fica evidente que o Espírito Santo é Deus.

Mesmo querendo usar a razão para denegrir esta doutrina bíblica, as Testemunhas de Jeová diante de passagens como estas não conseguem explicá-las e fogem rapidamente do assunto. Vejamos o parecer do Rev. Frederick Dinkins, profundo conhecedor do grego neotestamentário: “Mas,  se  esta  é  a  verdade,  por que o  ser  humano  não pode explicá-la ?

Porque a Trindade é tão profunda ? O fato que a doutrina de Deus Triuno foge da explicação intelectual do homem pode ser uma prova mostrando que vem de Deus.

Sim, a Trindade é uma doutrina que vai além da mentalidade finita”.(Dinkins, s/d, p. 22).

Deixamos aqui a próprias palavras de Cristo: “Quem me vê a mim, vê o Pai”. (Jo 14.5).

5.3 – A DIVINDADE DE CRISTO

Afirmam as Testemunhas de Jeová que Cristo não é Deus e sim um deus e que Cristo não é eterno sendo ele a primeira criação de Jeová. “Visto que a Bíblia  chama humanos,  anjos,  e até mesmo Satanás de deus [es] ou poderoso [s], o superior Jesus no céu pode corretamente ser chamado de deus”. (STV, 1989, p.29).      

Sendo assim, Jesus não passa de um deus limitado, fraco, criado. E na mesma posição de homens, anjos e até mesmo Satanás. Usam  o  seguinte  texto:  ‘Fizeste-o,  no entanto, por um pouco, menos do  que  Deus e  de  glória  o  coroaste”.  (Sl 8.5).  Vejamos na TNM: “Também passaste a fazê-lo um pouco menor que os semelhantes a Deus, então o coroaste de glória e de esplendor”. (STV, 1986, p. 715). Neste  texto,  o  termo hebraico para Deus é Myhla - ELOHIN, que pode ser traduzido como Deus, deus, anjos e juizes. A ARC no Salmo 8.5  usa o termo anjo como foi usado na LXX. Porém, no NT há um texto que cita o referido Salmo e usa o termo anjos também. O escritor de hebreus ao fazer citações do AT, usa a LXX, pois seus leitores eram judeus helenísticos, ou seja, conheciam mais o grego do que o hebraico. Vejamos o texto: “vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que aos anjos, Jesus, (..)”. (Hb 2.9).

Afirma também a STV que Cristo não é Deus por ser ele  o primogênito de toda a criação. O termo  para primogênito é prwto/tokoj (protótokos), traduzido como primogênito. Mas, o que o texto grego quer dizer é justamente o contrário o que diz a STV. “A palavra enfatiza a preexistência e singularidade de Cristo, bem como sua superioridade sobre a Criação. O termo não indica que Cristo foi criado, pelo contrário, indica que Ele é o Soberano da Criação”. (Rienecker, Rogers, 1995, p.420). O que este versículo está dizendo é que Cristo foi o primeiro a ressuscitar para a nova criação de Deus. Ele foi o primeiro a ressurgir dos mortos e nós também seremos. Para afirmarem essa idéia de que Cristo foi criado, modificaram violentamente as próprias palavras de Jesus sobre sua eternidade: “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo; antes que Abraão existisse, Eu sou”. (Jo 8.58). Na TNM lemos: “Jesus disse-lhes: Digo-vos em toda a verdade: Antes de Abraão vir a existência, eu tenho sido”. (STV, 1986, p.1341). Trocaram “eu sou” por “tenho sido”.  No  original grego lemos: “ei)=pen au)toij  )Ihsou=j: a)mh\n a)mh\n le/gw u(mi=n, pri\n  )Abraa\n gene/sqai e)gw\ ei)mi/” (Nestle-Aland, 1993, Jo 8.58).O que Jesus  afirmou aqui, é que ele é o mesmo Eu Sou do AT, por isso no versículo seguinte os judeus quiseram apedrejá-lo. Os judeus entenderam o que as Testemunhas de Jeová não querem entender. “Aqui, o objetivo dessa tradução, é desassociar Jesus do Grande ‘Eu Sou’ de Êxodo 3.14”.(Silva, 1993, p. 86).

Citaremos a seguir algumas passagens que comprovam a divindade de Cristo:

  • Jesus é eterno: Mq 5.2; Is 9.6; Hb 13.8

  • Jesus é onipotente: Mt 28.18; Ap 1.8

  • Jesus é onisciente: Jo 2.24-25; 4.17-18; Cl 2.2,3

Por afirmarem que Cristo Jesus não é Deus, as Testemunhas de Jeová negam a adorá-lo. Dizem que Jesus só pode ser homenageado. A TNM afirma: “E ao entrarem na casa,  viram  a criancinha com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, prestaram-lhe homenagem”. (Cp.cit, p.1213). A ARA diz: “Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram...”.(Mt 2.11). o  verbo  usado é  proskune/w  (proskyneö)  que  em  todo o  NT  é usado como adorar e suas várias aplicações como adoradores, adoraram, adoram, adorou. A STV traduziu como prestaram-lhe homenagem. Nossa pergunta é: Por que  a STV não traduziu da mesma forma os seguintes textos: “e disse-lhe: ‘Todas estas coisas te darei, se prostrares e me fizeres um ato de adoração. Jesus disse-lhe então: vai-te Satanás! Pois está escrito: É a Jeová, teu Deus, que tens que adorar e é somente a ele que tens de prestar serviço sagrado”. (Cp.cit., p.1215). Nas duas vezes que apareceu o verbo proskune/w nestes versículos, a STV não colocou prestaram-lhe homenagens para se referir a Satanás. Não parece estranho? Pode-se adorar Satanás e não a Cristo?

Sem dúvida nenhuma, a maior afronta ao Cristo Eterno é a tradução de Jo 1.1. O texto diz o seguinte: “No princípio era o Verbo, e o verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.

(Jo 1.1),  mas  olhem  a  modificação  feita  pela STV: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era (um) deus”. (STV,1986, p. 1326).Na TNM de 1967 lemos o seguinte:“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era  Deus”.

(STV, 1967, p.1114). Na língua grega existem substantivos ANARTROS, isto é, substantivos que, dependendo do contexto  não   exigem o artigo. Na   língua   do   NT   não   existe   artigo indefinido  e  é  o  contexto  que  indicará se em português ele deve ser usado ou não. Baseado nisto,  a  STV  achou  por  bem  traduzir  o  texto  da  TNM  de 1986 como um deus, o que não aconteceu com a versão de 1967. Tal acréscimo é uma  violação  do  texto  original. Vejamos: “   )En a)rx$= h)=n o( lo/goj, kai\ o( lo/goj h)=n pro\j to\n qeo/n, kai\ qeo\j h)=n o( lo/goj”(The Greek New Testament,1994, Jo 1.1). Diz a STV que  na  Segunda  vez  em  que  a  palavra  qe/oj (Theós) aparece neste versículo, ela não vem acompanhada do artigo masculino to/n (ton), por isso colocaram lá um artigo indefinido. Queremos chamar a atenção para o seguinte versículo: “Nenhum homem jamais viu a Deus, o deus unigênito, que está [ na posição ] junto ao Seio do Pai, é quem  o  tem  explicado”.(Cp.cit., p. 1327 ).Vejamos  o  que  o  texto  no  original grego, inspirado e inerrante nos afirma:“qeo\n ou(dei\j e(w/raken pw/pote: monogenh\j qeo\j o( w)/n ei)j to\n ko/lpon tou= patro\j e)kei=noj e)chgh/sato”. (Nestle-Aland, 1993, Jo 1,18). Se analisarmos as vezes em que  Theós é citada, veremos que elas não estão acompanhadas de artigos definidos. Por que então a STV não traduziu por um deus? É claro que é para reforçar sua blasfêmia ao Filho de Deus.

Segundo o Rev. Gilson Altino da Fonseca, professor de Grego no IBEL, a preposição pro/j (pros) de Jo 1.1, indica comunhão íntima, perfeita, significando literalmente face a face. O versículo preferido da STV para provar que Cristo não é Deus, prova exatamente o oposto. João 1.1 não deixa dúvida que o verbo é da mesma essência, natureza de Deus Pai. Esse pensamento da STV não é algo novo, por volta de 321-325 AD, Ário em Alexandria, que foi presbítero, afirmava que Jesus era mera criatura. “Como Ário expressou, o Filho ‘é chamado Deus não verdadeiramente, mas somente no nome’(Hall, 2000, p.61)”. Esta controvérsia nasceu em Alexandria, no Egito, e terminou no primeiro  concílio ecumênico da história, o concílio de Nicéia, onde pela primeira vez reuniram os bispos do Oriente e do Ocidente para discutir a causa arianista, na cidade de Nicéia, em 325 AD” (Hall, 2000, p.37). Porém, a resposta de Atanásio era que somente Deus poderia salvar o homem perdido: “Uma simples criatura não pode salvar ninguém” (Cp.cit.,2000, p.61).

Outra incoerência e inconsistência sobre esse texto está justamente na própria versão grega usada pela STV , a chamada The Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures:“  )En    a)rx$=     h)=n    o(    lo/goj,    kai\   o(    lo/goj    h)=n    pro\j     to\n   

                In        beginning     was     the       Word           and      the       Word        was       toward         the  

qeo/n,   kai\    qeo\j    h)=n    o(     lo/goj..” (WatchTower,1985, p. 401).

  God         and         god         was      the         Word.

O texto grego adotado pela STV nesta caso é o chamado Westcott e Hort, editado em 1881.Brooke Foss Westcott e Fenton John Anthony Hort, foram dois eruditos ingleses, de Cambridge. Já o texto interlinear em inglês é da English Text Underneath Na Interlinear word-for-word translation into English, publicada em 1969. Pois bem, tanto o texto de Westcott e Hort como o interlinear grego, afirmam que a Palavra, o Verbo, o Lógos é Deus, porém, na mesma tradução do reino interlinear  na sua margem direita está a TNM em inglês que diz: “In [the]  beginning  the Word was, and the Word was with God, and the Word was a god*” (Cp.cit., 1985, p.401), esse asterisco indica que há uma nota na mesma página explicando que o último lógos da frase não é divino. A nota diz assim: “1* ‘A god’ in contrast with  ‘the  God.’  See  App  2A.”  Perguntamos  então  a  STV  qual  será  então  a  tradução ou  o texto exato, inerrante e inspirado? Nesta versão interlinear a própria STV se  contradiz,  pois fica claro que o original grego e a versão inglesa afirmam que Cristo é Deus e que eles resolveram interferir no texto colocando sua interpretação que não tem a mínima possibilidade de ser.

Vejamos a seguir, a opinião de vários eruditos sobre o texto de Jo 1.1:“Dr. J. R. Mantey, o qual é citado nas paginas 1158-1159 da Kingdom interlinear Translation das próprias Testemunhas ‘Uma chocante falha de tradução’ ‘Obsoleta e incorreta.’ ‘Nenhuma pessoa com   conhecimentos   razoáveis   iria   traduzir   João   1:1   para   ‘O   Verbo   era  um  Deus’

Dr. Bruce M. Metzger of Princeton (Professor de linguagem do Novo Testamento e Literatura): ‘Um espantoso erro de tradução.’ ‘Errôneo’,‘pernicioso’ e ‘criticável’ ‘ Se as Testemunhas de Jeová levam essa tradução a sério, elas são politeístas.’

Dr. Samuel J. Mikolaski of Zurich, Switzerland: ‘É monstruoso traduzir a frase para ´o Verbo era um deus.’

Dr. Paul L. Kaufman, de Portland, Oregon: ‘Com seu erro de tradução em João 1:1, as Testemunhas de Jeová demonstram um abismal desconhecimento das regras básicas da gramática grega.’

Dr. Charles L. Feinberg, de La Mirada, Califórnia: ‘eu posso assegurar a vocês que a interpretação a qual as Testemunhas de Jeová dão em João 1:1 não é aceita por nenhum honrado conhecedor de Grego.’

Dr. James L. Boyer, de Winona Lake, Indiana: ‘Eu nunca ouvi, ou li sobre qualquer estudioso de Grego que tenha aceito a interpretação insistentemente defendida pelas Testemunhas de Jeová’ ... ‘nunca encontrei uma delas que tenha qualquer conhecimento da linguagem grega.’

Dr. Walter R. Martin (não é professor de Grego, mas estudou a língua): ‘A tradução ...'um deus' em lugar de 'Deus' é  errônea  e  não  é  apoiada  por  qualquer  conhecimento  de Grego, antigo ou contemporâneo e é uma tradução rejeitada por todos conhecedores reconhecidos de

Grego, muitos dos quais não são cristãos, e assim não defendem tal posição em favor de um ou outro.’

Dr. William Barclay of the University of Glasgow, Scotland: ‘A deliberada distorção da verdade por esta seita é observada na sua tradução do Novo Testamento. João 1:1 é traduzido:

...'o Verbo era um deus', a qual é uma tradução gramaticalmente impossível. É altamente claro que uma seita que traduz o Novo Testamento assim, é intelectualmente desonesta.’

Dr. Ernest C. Colwell da Universidade de Chicago: ‘O predicado definido nominativo tem artigo quando ele segue o verbo; e não tem o artigo quando ele precede o verbo ... esta declaração não pode ser considerada como estranha no prólogo do evangelho, o qual atinge seu clímax com a confissão de Tomé: 'Senhor meu e Deus meu' - João 20:28’

Dr. J. Johnson da Universidade do Estado da California, Long Beach: ‘Não há qualquer justificação para traduzir THEOS EN HO LOGOS para 'o Verbo era um deus'. Não há um paralelo sintático com Atos 28:6, onde há uma declaração em discurso indireto, e João 1:1 é direto ... Eu não sou cristão, muito menos trinitariano’

Dr. Eugene A. Nida, chefe do Departamento de Traduções, American Bible Society: ‘Com respeito a João 1:1, há é claro uma absoluta confusão porque a Tradução do Novo Mundo foi aparentemente feita por pessoas que não levam a sério a sintaxe do Grego’

Dr. B. F. Wescott (cujo texto Grego - Não a parte em Inglês - é usado na Kingdom Interlinear Translation): ‘O predicado (Deus) estando enfaticamente primeiro, como em IV.24. É necessariamente sem o artigo. Não há idéia de inferioridade de natureza sugestionada pela expressão, a qual simplesmente afirma a verdadeira deidade do Verbo’ (Cacp, 2001).

Eusébio de Cesaréia que viveu entre 263  e 340 a.C. ao afirmar que os nomes Jesus e Cristo eram  conhecidos  desde  épocas  remotas  pelos  profetas  do AT., afirma categoricamente ser Jesus o próprio Deus encarnado: “ ...o próprio Moisés reconheceu como é supremamente augusto e ilustre o nome de Cristo quando transmitiu a tradição dos tipos e símbolos místicos de acordo com o oráculo que lhe declarou: ‘Atenta, que faças tudo conforme o modelo que te foi mostrado no monte’, - pois ao mesmo homem a quem,  dentro do que era legítimo, chamou de sumo sacerdote de Deus, a ele mesmo chama Cristo...Assim,  evidentemente, ele compreendeu que Cristo era um Ser divino” (Cesaréia, 1999, p. 22).

Queremos terminar esse tópico dizendo que Cristo é o Deus encarnado, Eterno, Soberano e para isso usaremos a própria TNM de 1967, onde afirma que Jesus pode ser adorado: “Mas, ao trazer novamente o seu  Primogênito  à terra  habitada, êle diz: ‘E todos os anjos de Deus o adorem’”(STV, 1967, p.1260).

5.4 – ESPÍRITO SANTO OU FORÇA ATIVA?

Para a STV o Espírito Santo não é uma pessoa. Para a organização ele não passa de uma força ativa  enviada  por  Deus  Jeová  para  cumprir  suas  ordens  e é claro também não poderia ser a terceira pessoa da Trindade. “O Espírito Santo é a invisível força ativa do Deus Todo-Poderoso que move seus servos para fazerem sua vontade”. (STV, 1949, p. 88).

No hebraico a palavra para espírito é ruach - xwr - que ocorre 376 vezes no AT. A LXX traduziu ruach pela palavra grega pneu=ma (pneuma), e às vezes, como a/)nemoj( (anemos) que significa vento. Vejamos o primeiro versículo da Bíblia na LXX: “  )En a)rx$ e)poi/hsen o( qeo\j to\n ou)ran\on kai\ th\n. h( de\  gh= h)=n a)o/ratoj kai\ a)kataskeu/astoj, kai\ sko/toj e)panw th=j a)bu/ssou, kai\ pneu=ma qeou= e)pefe/reto e)pa/nw tou= u/(datoj”. (LXX, 1979, Gn 1.1,2, p. 1). Na Bíblia Hebraica lemos: “Mymh ynp-le tpxrm Myhla xwrw Mwht ynp-le Ksxw whbw wht htyh Urahw” (SBB, 1999, Gn1:2) No hebraico força é a verbo  uma  -   )omëts, que aparece cerca de 41 vezes. A primeira vez que aparece no AT. É em Gn 25.23, portanto, traduzir  xwr - ruach por  uma  )omëts, no mínimo é violação do texto original. Em português lemos: “No princípio criou Deus os céus e a terra(...) A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”. (ARA,Gn1.1,2). Note que a expressão na LXX é pneu=ma qeou= (pneuma Theou),  ou  seja,  Espírito de Deus, e não força ativa de Deus. No grego, a palavra força é  i)sxu/j (ischys) que no NT aparece somente 10 vezes e em nenhuma vez é usada para o Espírito Santo.

Dizem as Testemunhas de Jeová  que o Espírito Santo não é uma pessoa porque no dia de pentecostes várias pessoas puderam ficar cheios dele. “Como pode uma pessoa ou grupo de pessoas ser cheio de uma pessoa”. (STV, 1983, pp. 40,41).

Refutamos a STV fazendo outras perguntas: como pode Jesus e Deus serem  pessoas e ser alguém  morada deles? Disse Jesus: “Se alguém me ama, guardará a  minha  palavra e meu

Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.”(Jo 14.23).Como o apóstolo Paulo pôde dizer que Cristo vivia nele? (Gl 2.20).

Outro fato que queremos destacar é o caso já citado de Ananias e Safira em Atos 5.3-5. Como pode alguém mentir  a uma força? Será que podemos mentir para  a  eletricidade? Claro que não. Mentimos para pessoas. Além disso a Bíblia nos mostra que o Espírito Santo tem atributos divinos e age como uma pessoa. O Espírito Santo possui intelecto, ele penetra todas as  coisa  (1 Co 2.10,11).  É  inteligente  (Rm 8.27); tem  emoções, sensibilidade (Ef 4.30; Rm 15.30), e tem vontade ( 1 Co 12.11; At 16.6-11). Somente uma pessoa tem intelecto, emoção e vontade própria. Eis alguns atributos do Espírito Santo:

  • Ele ensina (dida/skw): Jo 14.26

  • Ele fala (le/gw): Ap 2.7,11,17

  • Ele guia (a)/gw): Gl 5.18; Rm 8.14

  • Ele escolhe obreiros (e)kle/gw): At 13.2; 20.28

  • Ele se entristece (lupe/w): Ef 4.30

  • Ele intercede (u(perentugxa/nw): At 16.6,7

Em Atos dos apóstolos lemos: “Então, disse o  Espírito a  Filipe:  Aproxima-te  desse  carro  e acompanha-o”. (At 8.29).  A palavra  grega  falar nesse  versículo  é eipen que  está  no tempo aoristo de le/gw  (légo) que significa dizer, falar, ordenar, contar, chamar, pronunciar. Como Filipe  poderia  ouvir  uma  força  falar? Outro  termo  usado  no  NT  para  o  Espírito Santo é para/klhtoj (paracletos) que significa consolador, ajudador, aquele que está ao lado, advogado. Essas funções somente uma pessoa pode desempenhar.

Há uma pergunta que a STV não consegue responder: Se o Espírito Santo é somente uma força ativa e não uma pessoa, por que Jesus diz que toda blasfêmia  contra o Filho será perdoado mas contra o Espírito não seria nem nesta vida nem na eternidade? Vejamos o texto: “Se alguém proferir alguma palavra contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem nesse mundo nem no porvir”. (Mt 12.32)

Como podemos ver, mesmo trocando a palavra  pneu=ma (pneuma) por força ativa, os argumentos da STV são fracos.

Vemos que a TNM contém distorções seriíssimas.

5.5 – A ALMA

Para a STV, o homem não possui alma. Por isso, afirmam que a idéia de vida após túmulo é absurda. Usam principalmente o versículo de Ezequiel que diz: “Eis que todas as almas são minhas;  como  a  alma  do  pai,  também  a  alma  do  filho  é  minha;  a  alma que pecar, essa morrerá”.(Ez 18.4).Usando esse verso, afirmam que a alma morre. Mas, será que o texto está dizendo isto? Absolutamente que não. Se olharmos para o contexto  vamos perceber que o povo de Deus estava murmurando contra Ele citando um provérbio. Eles argumentavam que o pecado, o erro dos pais caia sobre os filhos: “Os pais comeram  uvas verdes,  e  os  dentes  dos filhos se embotam”(Ez 18.2). Mas, a afirmativa do texto é a seguinte: “Porque todas as almas são   minhas para julgar - pais e filhos de igual maneira - e a minha lei é esta: é pelo seu próprio pecado que um homem morrerá”. (Reed, 1989, p..44).

A Igreja cristã afirma que  há vida após a morte e não somente isto, mas que o homem é constituído  de corpo e alma ou corpo alma e espírito. Aqueles que defendem que  o  homem é constituído de corpo e alma são chamados de dicotomistas. Aqueles que afirmam que o homem é constituído de corpo, alma e espírito são chamados de tricotomistas.

A Bíblia nos ensina que o homem possui alma e corpo (dicotomia),  porém  afirma  que o homem é um ser completo, uno, por exemplo: não é o corpo somente que peca ou somente a alma separados um do outro, e sim, o homem todo. A remissão feita em nós por Cristo Jesus não é somente corporal ou espiritual, e sim, em nosso ser completo. Apesar dessas informações, temos muitas passagens que mostram o homem  sobrevivendo  após a morte. Há passagens que mostram que a morte é a saída da alma do corpo (Gn 38.18;1Rs 17.21;At7.1;Ef2.3;Cl2.5), outras vezes,  como a  saída  do Espírito Santo (Sl 31.5;Lc 23.46;At 7.59).O  elemento imaterial da pessoa que morre as vezes é chamado de alma (Ap 6.9;20.4) e em outros é chamado de espírito (1Pe 3.19;Hb 12.23).

A tricotomia  é  baseada  em  apenas  dois  versículos  da Bíblia,  em contraste com uma grande quantidade que prova a dicotomia. “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o nosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. (1Ts 5.23) e “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamento e propósitos do coração”. (Hb 4.12). Aparentemente pode-se até crer nesta posição, mas, se fizermos uma análise  mais  acurada do texto, veremos a impossibilidade da tricotomia. “Embora  alguns  descubram  aqui  a  base  para    apoiar     a     teoria    de   que    o    ser    humano    é   basicamente    uma  tricotomia, composto de corpo, alma e espírito, o contexto não permite.  O  que  se  enfatiza  é  o  poder da Palavra de Deus para entrar nos recônditos mais profundos do íntimo humano, e não um tipo de divisão entre as partes constituintes. Além disso se a idéia de divisão tivesse sido pretendida, iríamos esperar que o autor  dissesse ‘ossos e medulas’ em vez de ‘juntas e  medulas’”(Cultura Cristã e SBB, 1999,p. 1467).

O mesmo acontece quando Jesus cita o shemá (confissão de fé judaica): “...Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força”.(Mc 12.29,30).

Essas expressões são para dar ênfase ao fato de que todo o homem deve amar a Deus e não suas partes. A STV afirma que a alma é sinônimo de sangue. Porém apesar de algumas vezes citar isso, a Bíblia nos diz algo muito além. Por exemplo: troquemos a palavra alma por sangue e vejamos no que dá: “a minha alma está cheia de tristeza até a morte”. (Mt 26.38), ficaria assim: O meu sangue está cheio de tristeza até a morte.  Que absurdo. Vejamos uma passagem da TNM: “...não temais os que matam o corpo e depois não podem fazer mais nada. Mas, eu vos indicarei quem é para temer: Temei aquele que depois da morte tem autoridade para lançar no Geena .Sim eu vos digo temei este”.(Lc 12,4,5). A própria TNM diz aqui que algo pode acontecer ao homem depois de sua morte. Se o homem deixa de existir na sua morte, o que é que pode ser lançado no inferno? A passagem clássica da STV para provar a inexistência da alma e consequentemente da vida após túmulo é esta: ‘...Deveras, eu te digo hoje: Estarás comigo no Paraíso’(STV, 1986, p.1324). Mas, ao analisarmos a tradução correta e o original grego, vemos que mais este texto foi adulterado: “Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso”(Lc 23.43). O texto original diz: “ kai\ ei)=pen au)t%= o(  )Ihsou=j,  )Amh\n le/gw soi. sh/meron met ) e)mou= e)/s$ e)n t%= paradei/s%”. (T.B.S., 1994, Lc 23.43). A TNM modificou a vírgula para depois da palavra  sh/meron (semeron) que significa hoje, porém no original grego vemos que a  vírgula está antecedendo a palavra hoje e reafirmando que Jesus teria dito ao ladrão arrependido que naquele  mesmo  dia  eles  estariam  juntos no  paraíso.  “A STV não somente omitiu a vírgula antes da palavra ‘hoje’ como pôs dois pontos depois desta palavra, o que alterou completamente o sentido do texto”(Silva, 1993, p. 79).

Vemos que apesar de todo trabalho que teve a STV para sustentar sua doutrina da inexistência da alma, a Palavra de  Deus  preservada  por Ele mesmo,  inspirada  e  totalmente isenta de erro nos mostra o contrário.

Paulo, sabia e vivia na esperança da vida além túmulo. Por isso chegou a bradar: “Ora, de   um   lado,   estou   constrangido,   tendo   o  desejo  de  partir  e  estar  com  Cristo,  que  é incomparavelmente melhor”(Fp 1.23) e “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”(1 Co 15.19).

No hebraico, a palavra alma é nephesh - spn – que ocorre cerca de 755 vezes no AT., que pode significar: vida, alma, criatura, pessoa,,apetite, mente.

A palavra grega para alma no NT é yuxh/ (psyche). No grego clássico esta  palavra é  de uso impessoal: o hálito que dá vida ao homem. “Na literatura gr antiga, concebe-se da alma em combinação com o ® corpo. Quando ela deixa o corpo, o corpo perde sua vida (Homero, Od. 14,426).”(Ap. Brown, 1981, p.69).

No NT, psyche  ocorre 101 vezes em contraste com a LXX que a usa mais de 900 vezes. Significa também a sede da vida, ou a própria vida: “Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por causa de mim e do evangelho, salva-la-á ”.(Mc 8.35).

Existem onze casos nos evangelhos sinóticos que  psyche se refere à existência após a morte. “A imortalidade da alma deve ser uma verdade, porque é evidente que a justiça não se concretiza neste mundo. Assim, pois, deve haver uma  esfera de seres vivos, os  mesmos seres que um dia viveram à face da terra, onde impera a justiça, onde os galardões e as punições são aplicadas”.(Ap.Champlin,2000,p.3770).Este é o argumento moral de Emanuel Kant.Vejamos o que diz o grande teólogo da Reforma, João Calvino:  “Afinal, que o ser humano consta de alma e corpo, deve estar além de controvérsia . E pela palavra alma entendo uma essência imortal, contudo, criada, que lhe é [das duas] a parte mais nobre. Por vezes, [também] é chamada ESPÍRITO”. (Calvino, 1985, pp. 200,201).

Para  terminarmos este assunto, analisaremos o caso de Elias e o filho da viúva de Sarepta. Esta viúva  tinha um filho que adoeceu gravemente e acabou morrendo. Elias então, o leva a um quarto, estende-se três vezes sobre o menino e ora ao Senhor para que a alma dele voltasse ao corpo. E Deus assim o faz, pela sua misericórdia. O termo usado aqui em hebraico é  spn  - nephesh.   A     LXX     traduziu     esse     termo     por     yuxh/ .   Agora    fazemos  uma pergunta: se a alma é simplesmente o sangue e não sobrevive depois da morte, o que foi que retornou  para o corpo de filho da viúva? Fica evidente  que  a alma e o espírito são sinônimos e que sobrevivem após a morte. Quando Cristo rendeu seu espírito ao Pai, ele poderia ter dito alma no lugar de espírito.

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