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Introdução à Bíblia das notas de referências bíblicas de Scofield de 1917 

Tradução: Emerson H. de Oliveira

Visão Panorâmica da Bíblia 

A Bíblia, incomparavelmente o Livro mais circulado no mundo, imediatamente provoca e confunde o estudo. Até mesmo os não-crentes estão certos em dizer que é errado permanecer em quase total ignorância do mais famoso e antigo dos livros. E a maioria, até mesmo de crentes sinceros, logo desiste de qualquer esforço sério para dominar o conteúdo dos escritos sagrados. A razão não é difícil de achar. O fato é que nenhuma parte particular das Escrituras pode ser facilmente compreendida se for separada de seu contexto. A história e a mensagem da Bíblia é como um quadro feito de mosaicos: cada livro, capítulo, versículo, e até mesmo palavra forma uma parte necessária, e tem seu próprio lugar designado. Então, é indispensável que se entenda isto para qualquer estudo interessante e frutífero da Bíblia. 

Primeiro. A Bíblia é um livro. Sete grandes ítens atestam esta unidade. 

(1) de Gênesis a Bíblia mostra um Deus. Onde quer que Ele fale ou aja é consistente com si mesmo, e com toda revelação sobre Ele. 

(2) a Bíblia forma uma história contínua — a história da humanidade em relação a Deus. 

(3) a Bíblia tem as mais improváveis predições sobre futuro, e, quando os séculos trouxeram o tempo designado, registrou seu cumprimento. 

(4) a Bíblia é um desdobramento progressivo de verdade. Nada é contado de uma vez, e uma vez para tudo. A lei é: "primeiro a lâmina, depois a orelha, depois o milho inteiro". Sem uma combinação pré-configurada, várias vezes com séculos entre eles, um escritor pega uma antiga revelação de outro escritor, adiciona elementos a ela, descansa a pena e e a seu devido tempo outro homem movido pelo Espírito Santo, e outro, e outro, somam novos detalhes até o todo estar completo. 

(5) do princípio ao fim a Bíblia testemunha a uma redenção

(6) do princípio ao fim a Bíblia tem um grande tema — a pessoa e obra de Cristo. 

(7) e, finalmente, estes escritores, cerca de quarenta e quatro, escrevendo por vinte séculos, produziram uma perfeita harmonia de doutrina em desdobramento progressivo. Isto é, para toda mente sincera, a prova incontestável da inspiração divina da Bíblia. 

Segundo. A Bíblia é o Livro dos livros. Sessenta e seis livros compõem o Livro. Com referência à unidade do Livro os livros separados podem ser considerados como capítulos. Mas isso é um lado da verdade, pois cada um dos sessenta e seis livros está completo em si mesmo, e tem seu próprio tema e análise. Na presente edição da Bíblia mostramos suas introduções e divisões. É neste momento que os livros devem ser estudados na luz de seus diferentes temas. Por exemplo, Gênesis é o livro dos começos — a semente da Bíblia inteira. Mateus é o livro do Rei, & etc. Terceiro. Os livros da Bíblia vêem em grupos. Falando de uma forma abrangente, há cinco grandes divisões nas Escrituras, e estas talvez possam ser mais facilmente memorizadas por cinco palavras-chaves, com Cristo sendo o tema (Lc.24:25-27). 


              PREPARAÇÃO                     MANIFESTAÇÃO          PROPAGAÇÃO
          O Antigo Testamento               Os Evangelhos                O Atos

                                   EXPLICAÇÃO         CONSUMAÇÃO
                                 As Epístolas             O Apocalipse


Em outras palavras, o Velho Testamento é a preparação para Cristo; nos Evangelhos Ele é manifestado para o mundo; nos Atos Ele é pregado e Seu Evangelho é propagado no mundo; nas Epístolas Seu Evangelho é explicado; e no Apocalipse todos os propósitos de Deus em e por Cristo são consumados. E estes grupos de livros entram em grupos. Isto é especialmente verdade do Velho Testamento, que está dividido em quatro grupos bem definidos. Para ajudar a memorizar, vamos estudá-los: 

REDENÇÃO           ORGANIZAÇÃO         POESIA                            SERMÕES
Gênesis                Josué                    Jó                               Isaías     Jonas
Êxodo                   Juízes                  Salmos                       Jeremias     Miquéias
Levítico                Rute                    Provérbios                    Ezequiel      Naum
Números               I, II Samuel           Eclesiastes                   Daniel      Habacuc
Deuteronômio         I, II Reis              Cânticos de Salomão      Oséias     Sofonias
                          I, II Crônicas          Lamentações                 Joel        Oséias
                           Esdras                                                     Amós     Zacarias
                          Neemias                                                   Obadias    Malaquias
                          Ester


Mais uma vez devemos tomar cuidado, nestes grupos, de não deixarmos passar as diferentes mensagens dos livros que os compõe. Assim, enquanto a redenção é o tema geral do Pentatêuco, contando a história do sofrimento e redenção de Israel da escravidão a "uma terra boa e larga", cada um dos cinco livros tem sua própria parte distintiva no todo. Gênesis é o livro do começo, e explica a origem de Israel. Êxodo conta a história da libertação de Israel; Levítico, da adoração de Israel como povo eleito; Números, os desvios e fracassos do povo eleito, e Deuteronômio adverte e instrui o povo para sua entrada na Terra Santa. Os livros poéticos nos contam as experiências espirituais do povo redimido nas variadas cenas e eventos pelos quais a providência de Deus os levou. Os profetas eram pregadores inspirados, e os livros proféticos consistem em sermões com sumários e passagens explicativas. Dois livros proféticos, Ezequiel e Daniel, têm um caráter diferente e são apocalípticos, em grande parte. Quarto. A Bíblia conta a História Humana. Começando, logicamente, com a criação da Terra e do homem, a história da raça vinda do primeiro par humano continua pelos primeiros onze capítulos de Gênesis. Com o décimo segundo capítulo começa a história de Abraão e da nação da qual Abraão foi o antepassado. É a esta nação, Israel, com que a narrativa de Bíblia é ligada, principalmente depois do décimo primeiro capítulo de Gênesis ao segundo capítulo dos Atos dos Apóstolos. Os gentios são mencionados, mas só com relação a Israel. Mas é cada vez mais claro que Israel só enche a cena porque lhe foi confiado a realização dos grandes propósitos pelo mundo inteiro (Dt. 7:7). A missão designada de Israel era, 

(1) ser uma testemunha à unidade de Deus no meio da idolatria (Dt. 6:5; Is 43:10); 

(2) mostrar às nações a grande bem-aventurança de servir o verdadeiro Deus (Dt. 33:26-29; ICr. 17:20,21; Sl. 102:15); 

(3) receber e preservar a divina revelação (Rm. 3.1,2); e 

(4) produzir o Messias, o Salavador e Senhor da Terra (#Ro 9:4). Os profetas predizem um futuro glorioso para Israel sob o reinado de Cristo. A história bíblica de Israel, passado, presente e futuro, se divide em sete diferentes períodos: 

(1) da chamada de Abraão (Gn. 12) ao Êxodo (Ex. 1-20); 

(2) do Êxodo a morte de Josué (Ex 21 para Josh 24); 

(3) da morte de Josué para o estabelecimento da monarquia hebraica sob Saul; 

(4) o período dos reis de Saul para o Cativeiro; 

(5) o período do Cativeiro; 

(6) a comunidade restabelecida do fim do cativeiro babilônico de Judá, para a destruição de Jerusalém, 70 d.C.; 

(7) a dispersão atual. Os Evangelhos registram o aparecimento na história humana e dentro da nação hebraica o Messias prometido, Jesus Cristo, e conta a história maravilhosa de Sua manifestação para Israel, Sua rejeição pelas pessoas, Sua crucificação, ressurreição, e ascensão. Os Atos dos Apóstolos registram a vinda do Espírito Santo, e o começo de uma nova era na história humana, a Igreja. A divisão da raça agora se torna outra:os judeus, os gentios e a Igreja de Deus. Assim como Israel está no primeiro plano da chamada de Abraão para a ressurreição de Cristo, agora a Igreja entra em cena no segundo capítulo dos Atos para o quarto capítulo do Apocalipse. Os capítulos restantes do livro completam a história de humanidade e o triunfo final de Cristo. Quinto. O Tema Central da Bíblia é  Cristo. É esta manifestação de Jesus Cristo, Sua Pessoa como "Deus manifesto em carne" (ITm. 3.16), Sua morte sacrificatória e Sua ressurreição, que constitui o Evangelho. Todos os livros anteriores ao Evangelho levam a isto e disto partem todos os outros livros depois.O Evangelho é pregado nos Atos e é explicado nas Epístolas. Cristo, Filho de Deus, Filho do homem, Filho de Abraão, Filho de Davi, assim liga os muitos livros em um Livro. Semente da mulher (Gn. 3:15) ele é o último destruidor de Satanás e suas obras; Semente de Abraão, ele é o abençoador mundial; Semente de Davi, ele é o Rei de Israel. "Desejado de todas as Nações". Exaltado à mão direita de Deus, ele é "o cabeça da Igreja, pois a Igreja é seu corpo" enquanto que para Israel e as nações a promessa de seu retorno  forma uma e expectativa racional que a humanidade ainda vai ver cumprida. Enquanto isso, a Igreja procura o cumprimento da promessa especial: "Eu virei novamente e os levarei comigo" (Jo. 14:1-3). Ao longo de todo o Evangelho o Espírito Santo testemunha disto agüenta testemunho. O último livro de todos, o livro da Consumação, é "O Apocalipse de Jesus Cristo" (Ap. 1:1). 

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