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Respondendo uma lista de contradições bíblicas
Uma resposta para (http://www.infidels.org/news/atheism/extra/bible-contradictions.html)
James Patrick Holding
                                                                            Tradução: Emerson de Oliveira
[Nota do Tradutor: foi usada a Almeida Revista e Atualizada na tradução do texto para o português. Quando se citar outrar, mencionarei. Sempre que aparecer "N.do T." significa "Nota do tradutor"]
As respostas seguintes são para as alegadas contradições bíblicas citadas por Jim Meritt (JWMeritt@AOL.COM ) na página "A List of Biblical Contradictions" em http://www.infidels.org/news/atheism/extra/bible-contradictions.html.

1. Deus é bom para todos ou só para alguns?

Sl. 145.9 O SENHOR é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras.

Jr. 13.14 Fá-los-ei em pedaços, atirando uns contra os outros, tanto os pais como os filhos, diz o SENHOR; não pouparei, não terei pena, nem terei deles compaixão, para que os não destrua

Ao contrário do que Meritt diz, o contexto é importante - e a falta de contexto é o que leva a alegada contradição.

O salmo 145 é um hino de louvor a Deus. Isto em si resolve o problema, porque hinos, poemas e provérbios não são tomados como absolutos. Mas vamos lá. Os versículos 8-10 e 20 são o que precisamos para estabelecermos o contexto:

Sl. 145. 8-10  Benigno e misericordioso é o SENHOR, tardio em irar-se e de grande clemência.
O SENHOR é bom para todos, e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras.
Todas as tuas obras te renderão graças, SENHOR; e os teus santos te bendirão.

Sl. 145.20  O SENHOR guarda a todos os que o amam; porém os ímpios serão exterminados.

Deus é bom para todos, mas quando um desses "todos" se torna mal - bem, ele se abre para a ira de Deus, como é o caso em Jeremias e muitos outros lugares da Bíblia, onde o povo de Judá é declarado mal (Jr. 13.10) e digno do juízo de Deus. [N.T.:  a Septuaginta diz no Sl. 145.9: "O Senhor é bom para todos aqueles que esperam Nele...", já dando a entender que Deus reserva sua bondade para aqueles que fazem Sua vontade. "Este versículo não deve ser entendido como a bondade geral e providencial de Deus a todos os homens, mas de Sua bondade aos Seus escolhidos" (Comentário da Bíblia de John Gill)]

Para ilustrar isso, mesmo quando nossos pais nos punem, nós não dizemos que eles são ruins. Castigo é um elemento de bons pais. No nível do homem e Deus, o salmo quer dizer que Deus é "tardio em irar-se" - ainda temos chance de cair nas graças de Deus. Aqueles a quem Jeremias se dirige, os judeus, tinham se tornado maus e não tinham se arrependido. Isto exigiu o juízo de Deus.

Pela idéia de Meritt, Deus deveria ser algum tipo de Deus inativo que nunca reagisse contra o mal! Vejamos outra "contradição" parecida.


2. Guerra ou paz?

Ex. 15.3  O SENHOR é homem de guerra; SENHOR é o seu nome.

Rm. 15.33  E o Deus da paz seja com todos vós. Amém!

Isto é insignificante e é o mesmo da resposta anterior. Barker (outro ateu) cita isto também.

Como Deus é bondoso por natureza, não é lógico dizer que Ele é "guerreiro" e Deus de paz, conforme a circunstância? Uma pessoa não pode ser soldado em certa parte da vida, durante a guerra e carteiro em tempos de paz? Deus não pode agir da mesma forma?


3. Quem é o pai de José?

Mt. 1.16  E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo.

Lc. 3.23   Ora, tinha Jesus cerca de trinta anos ao começar o seu ministério. Era, como se cuidava, filho de José, filho de Eli;
 

Ah, a velha história da "genealogia". Os céticos nunca se cansam disso? Não. Meritt e Barker ainda citam isso. Vamos responder. "Em Mt. 1.16 lemos que Jacó gerou a José, esposo de Maria. Aqui, em Lucas, José é chamado de 'filho de Eli'. Várias propostas foram feitas para explicar estas passagens. O fato era que Maria era filha de Heli e em Lucas José é chamado seu filho. Lucas, então, dá a genealogia de Maria, enquanto Mateus dá a de José" (Family New Testament Notes).


4. Quem esteve no sepulcro vazio?

Mt. 28.1  No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.

Mc. 16.1  Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-lo.

Jo. 20.1  No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida.

Lucas só diz que "mulheres" foram ao sepulcro.

João diz que Maria foi sozinha? Não; leia Jo.20.2

Então, correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram.

Parece que o contexto importa às vezes.

O relato de João pôde ter incluído mais pessoas também. Como Marcos e Mateus, não é errado dizer que Marcos, escrevendo o mais antigo dos evangelhos, soube mais que os outros quem foi para o sepulcro e Mateus, escrevendo depois, tirou Salomé da história porque viu que não era necessário. Ou talvez Mateus não soube de Salomé: ela pode ter se encontrado com as outras duas mulheres no caminho em vez de ter partido com elas.  Ou talvez, o que é pior, a pobre Salomé foi tirada da história por causa do erro de um copista. Estas coisas acontecem; pense quantas vezes
seu jornal não foi entregue de manhã por causa de tal engano! (E de qualquer maneira, a maioria dos estudiosos - liberais e conservadores - dizem que Mateus fez seu evangelho baseando-se em Marcos; por que, então, Mateus seria tão contraditório, se isso foi o que aconteceu?)

"A ordem dos eventos, combinando as quatro narrativas, é a seguinte: três mulheres, Maria Madalena, Maria a mãe de Jesus e Salomé, foram para o sepulcro, seguidas por outras mulheres que com especiarias. As três encontraram a pedra removida e Maria Madalena foi falar para os discípulos (Lc. 23:55-24:9 Jo. 20:1,2). Maria, a mãe de Tiago e José, chega mais próximo ao sepulcro e vê o anjo do Senhor (Mt. 28:2). Ela retorna para se encontrar com as outras mulheres com especiarias. Enquanto isso, Pedro e João, avisados por Maria Madalena, chegam, olham e partem (Jo. 20:3-10). Maria Madalena volta chorando, vê os dois anjos e então Jesus (Jo. 20:11-18) e conversa com Ele. Maria (a mãe de Tiago e José), enquanto isso, se encontra com as mulheres com as especiarias e, voltando com elas, vêem os dois anjos (Lc. 24:4,5 Mc.16:5). Elas também recebem a mensagem angelical, e, indo buscar os discípulos, se encontram com Jesus (Mt 28:8-10)" (nota da Bíblia de Scofield - 1917)

 



5. Jesus é igual ou é menor que o Pai?

Jo.10.30 Eu e o Pai somos um.

Jo.14.28  Ouvistes que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.

Isso é um tipo de mágica, dizem os ateus.

O que Jo.10.30 quer realmente dizer? Baseado no gênero neutro da palavra "um", isso significa que Jesus e o Pai são unidos em propósito e essência.

E o que Jo.14.28? Significa que Jesus, em sua forma humana, estava numa forma menor que o Pai. Ele tinha menos poder e conhecimento que Pai enquanto estava na forma humana; isso é óbvio do fato que Jesus aparentemente não sabia que mulher hemorroíssa o havia tocado e que a figueira fora de Jerusalém não tinha figos antes de ir lá e ver.

Em sua forma humana, Jesus compartilhava com o Pai do propósito e essência, não em onisciência e onipotência. Os versículos não são contraditórios porque não estão falando da mesma coisa. "Jesus não quer aqui comparar Sua natureza com a do Pai, mas Sua 'condição'. O que Ele quer aqui é consolar os discípulos mostrando Sua essência" (Comentário Barnes)



7. O número dos animais na arca

Gn. 7.2  De todo animal limpo levarás contigo sete pares: o macho e sua fêmea; mas dos animais imundos, um par: o macho e sua fêmea.

Gn. 7.8-9  Dos animais limpos, e dos animais imundos, e das aves, e de todo réptil sobre a terra, entraram para Noé, na arca, de dois em dois, macho e fêmea, como Deus lhe ordenara.

Barker cita isto também. Pessoal, esses versículos estão a centímetros de distância um do outro; será que realmente o escritor de Gênesis iria cometer um erro tão visível?

A frase "dois em dois" em 7.9 simplesmente significa os animais entrados na arca aos pares. Assim os animais com 7 representantes iriam em 3 pares cada, emparelhados de macho e fêmea.



8. Quantos estábulos e quantos cavaleiros?

IRe. 4:26  Tinha também Salomão quarenta mil cavalos em estrebarias, para os seus carros, e doze mil cavaleiros.

IICr. 9.25  Tinha Salomão quatro mil cavalos em estrebarias para os seus carros e doze mil cavaleiros, que distribuiu às cidades para os carros e junto ao rei, em Jerusalém.

Este é um dos erros numéricos. Como um simples zero muda 4.000 para 40.000, então uma simples mudança nos símbolos numéricos hebraicos ("arbaim", quarenta para "arbah", quatro) mudaram um dos valores, como em Reis, pois o número de cavalos é proporcional ao número de cavaleiros.

Sim, Barker cita isso também.



9. É loucura ser sábio ou não?

Pv. 4.7  O princípio da sabedoria é: Adquire a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o entendimento.

Ecl. 1:18  Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza.

ICo. 1.19  Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos.

Provérbios e Eclesiastes não são contraditórios. Poderíamos ligar os dois versículos com a frase   "ignorância é felicidade". Com sabedoria, você ganha entendimento, mas então você também fica mais atento ao que acontece e daí passa a ver a maldade que os homens fazem - que é um dos pontos principais de Eclesiastes, meu livro favorito do AT. Pessoal, acreditem, eu sei e muitos de nós sabemos: sabedoria e tristeza não são opções mutuamente exclusivas! Elas vêm de mãos dadas! Mesmo assim, estes versículos são da "literatura proverbial" e não podem ser tidos como absolutos.

O Comentário Jamieson, Fausset e Brown (JFB) diz: "a sabedoria, que fala Ecl. 1.18, não é a sabedoria no sentido lato, que é excelsa, mas do conhecimento dos caminhos do homem (Ec.1:13,17), a qual, quanto mais longe vai, faz a pessoa se sentir 'triste' ao conhecê-los (Ec. 1:15 12:12)".

A Bíblia de Meritt não deve ter notas de rodapé; o versículo de I Coríntios é uma paráfrase de Is. 29.14. Vejamos:  Is. 29.13-14:

O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu, continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá.
Em outras palavras, Isaías - e Paulo - estão se referindo não à verdadeira sabedoria, mas a pseudo-sabedoria, aquela que as pessoas acham que sabem mas não sabem. (Conhecemos pessoas assim, né? Pessoas que acham que são o máximo mas não podem ver um plamo à frente do nariz). Provérbios e Eclesiastes não se referem à pseudo-sabedoria mas à verdadeira (como expliquei num debate com Earl Doherty, Paulo está se referindo para um tipo de "pseudo-sabedoria" - ele está refutando aqueles que achavam que o estilo de ensinar de Apolo era mais sofisticado).

 



10. Jesus foi originado por impregnação humana ou divina?

At.2.30  Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono,

Mt.1.18 Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo.

Aqui é onde as duas genealogias - uma de José e outra de Maria - se reconciliam. Atos está falando da promessa que um dos descendentes de Davi seria o Cristo. Isto foi biologicamente realizado em Maria, que era descendente de Davi. Atos não fala de qualquer impregnação.



11. Os pecados do pai

Is. 14.21  Preparai a matança para os filhos, por causa da maldade de seus pais, para que não se levantem, e possuam a terra, e encham o mundo de cidades.

Dt. 24.16  Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada qual será morto pelo seu pecado.

E Dan Barker ainda cita mais:

Ex. 20.5  "Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem " (repetido em Dt. 5:9)

Ex. 34.6,7  "E, passando o SENHOR por diante dele, clamou: SENHOR, SENHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocenta o culpado, e visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até à terceira e quarta geração!"

ICo. 15.22  "Porque, assim como, em Adão, todos morrem, . . ."

Ez. 18.20  "o filho não levará a iniqüidade do pai"

Dt. 24.16  "Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada qual será morto pelo seu pecado."

[N. do T.: "(Is. 14.21) Estas palavras palavras são dirigidas aos medos e persas, para prepararem instrumentos de vingança e fazer uso deles. Deveriam executar Baltazar e seus filhos" (Gill).
"(Dt. 24.16) a regra foi dirigida para guiar os juízes e estabelecer um certo equilíbrio que ninguém deveria ser responsabilizado pelos crimes de outrem" (JFB)
"Esta é uma regra justa e correta. Veja Ez. 18.4, que não está em contradição com Ex 20.5.  Isso mostra o que o próprio Deus faria e que Israel, ou seus juízes, deveriam fazer; esta é uma ordem a Israel, como Aben Ezra observa; a declaração de Deus não é presa por qualquer lei. Jarchi interpreta estas palavras diferente, dizendo que as pessoas não deveriam ser mortas pelo testemunho de outra; e é uma regra para os judeus,
'que um juramento de uma testemunha seja feito por homens, e não de mulheres; dos que não são parentes, e não daqueles que são próximos'" (Gill)
"(ICo. 15.22) O apóstolo aqui mostra o que ele quis dizer no versículo anterior, por um homem a causa da morte, e pelo outro o autor da ressurreição dos mortos, e que ele quis dizer Adão e Cristo; todos os homens vem de Adão biologicamente, como o pai da natureza humana, da mesma forma como Levi estava nos lombos de Abraão quando Melquizedeque o conheceu, e lhe dizimou; tudo foi uma representação: Abraão foi o cabeça de seu povo, um tipo e figura de Cristo que estava por vir; e estando nele, todos pecaram nele, e assim morreram nele, a sentença de morte os atingiu" (Gill)]
No contexto, Isaías estava profetizando contra Babilônia; quando ela caiu, seus descendentes perderam sua herança e muitos perderam suas vidas defendendo a cidade e seus moradores. Os outros versículos se referem a circunstâncias semelhantes.



12. O morcego não é um pássaro

Lv. 11.13  E estas são as coisas que vocês abominarão dos pássaros, e eles não serão comidos, eles são uma abominação: a águia, o quebrantosso e a águia-marinha.

Lv. 11.19  a cegonha, a garça, segundo a sua espécie, a poupa e o morcego.

Dt. 14.11 Toda ave limpa comereis.

Dt. 14.18  a cegonha, e a garça, segundo a sua espécie, e a poupa, e o morcego.

O comentário Gill diz: "o morcego em Levíticos é um pequeno pássaro que voa à noite, diz Aben Ezra. Kimchi o descreve como um rato voador."

Obviamente, a classificação de Lineu não existia na época de Levíticos e Deuteronômio e por isso a classificação foi feita de diferentes meios: função e forma. Neste caso, a palavra "pássaros" significa "coisas voadoras". É uma categoria que inclui pássaros, morcegos e certos insetos. Deveria ter incluído pterossauros, se existissem. Esta classe foi subdividida em função, que incluía as anhumas (aves de rapina) e canários (aves cantoras). Os taxidermistas deveriam ser desempregados no mundo antigo.



13. Coelhos não ruminam

Lv. 11.6   a lebre, porque rumina, mas não tem as unhas fendidas; esta vos será imunda

'Gerah', o termo que aparece no TM  significa ruminar, talvez grãos ou sementes. Não significa esterco, e há uma palavra hebraica exata para isso. Além disso, a frase traduzida como 'ruminar' na Bíblia quer dizer "expor o bolo alimentar". Os coelhos não expelem nada;  a descrição dada em Levíticos é inexata, e é isso. Os coelhos comem seu próprio esterco; eles não expelem nada e os mastigam.
"TM" é o texto massorético, que foi uma tradução do Antigo Testamento.

Meritt está bastante orgulhoso aqui  - pois ele usou, pela primeira vez - uma palavra hebraica para explicar o texto. Ora, ora, afinal, ele descobriu que a tradução da Bíblia é importante, afinal de contas. Infelizmente, ele não foi muito a fundo.

Precisamos ver duas coisas: a definição de "bolo alimentar" e "ruminar". Vamos ver o hebraico destas duas palavras mais de perto. "Bolo alimentar" primeiro, "ruminar" depois.

Primeiro, "gerah" (ou "gehrah") realmente é a palavra usada aqui, e - isto é importante - não aparece em nenhum outro lugar no AT além destes versículos de Levíticos e Deuteronômio. Nós só temos este contexto para nos ajudar a decidir o que significa em termos da lei mosaica.

Segundo, o processo que os coelhos usam chama-se refeição e não é só "esterco" que os coelhos
comem o que talvez mostre porque a palavra hebraica para "esterco" não é usada aqui. Toda vez que a palavra "esterco" aparece na Bíblia é para indicar algo sujo ou inútil. Mas na linguagem dos coelhos, "esterco" não é inútil: ele tem pelotas de comida parcialmente digerida que os coelhos mastigam (UGH!) para que possam extrair os nutrientes dos alimentos. (É um modo eficiente de adquirir vitaminas e nutrientes, mas eu acho que ficarei com meu Sucrilhos, muito obrigado.)

O Dicionário Internacional da Bíblia diz: "os coelhos não são ruminantes, mas poderiam dar essa impressão dada o fato do movimentos de seus lábios". O mesmo diz o comentário da Bíblia TEB.

A palavra usada para "coelho" em Lv. 11.6 é arnebeth, que se refere a um tipo de animal extinto, que só existia nos tempos de Moisés. Não era ruminante e a maioria dos comentaristas concorda que o movimento de seus lábios era o que dava a impressão de serem ruminantes. Meritt caiu no mesmo erro que a questão anterior. A Bíblia não é um livro de biologia: não se preocupa em dar uma classificação atual dos animais, mas só que o que lhes era aparente.



14. Os insetos NÃO tem quatro patas

Lv. 11.21-23  Mas de todo inseto que voa, que anda sobre quatro pés, cujas pernas traseiras são mais compridas, para saltar com elas sobre a terra, estes comereis. Deles, comereis estes: a locusta, segundo a sua espécie, o gafanhoto devorador, segundo a sua espécie, o grilo, segundo a sua espécie, e o gafanhoto, segundo a sua espécie.Mas todos os outros insetos que voam, que têm quatro pés serão para vós outros abominação

Poderíamos parar aqui e dizer que este é um texto poético. Mas há outra resposta.

As grandes patas traseiras do gafanhoto não eram contadas como "pernas" no mesmo sentido que as outras pernas! Não acredita? Bem, façamos uma ilustração da literatura inglesa. Se você não leu a Fazenda Animal de George Orwell, ou viu o filme, faça agora.

Pronto? Certo, lembra-se da parte onde Snowball, o porco, disse "bom é ter quatro patas; duas é ruim" para excluir os humanos da sociedade da Fazenda Animal? Lembra-se como os gansos e outras aves protestaram porque elas só tinham duas patas? Snowball explicou (mais claro no livro que no filme) que na linguagem animal, as asas dos pássaros eram contadas como patas porque eles eram membros de propulsão, não manipulação, como os braços e mãos humanas.

Neste momento mostrarei uma objeção a este argumento feito por Farrell Till, na Skeptical Review, onde ele responde meus argumentos, apesar de eu não ser mencionado. Till alega que o autor de Levíticos define que as palavras "pés" e "pernas" igual ao que nós fazemos e por isso Levíticos está dizendo mesmo que os insetos tem quatro patas. Mas Till não leu meu argumento com cuidado. Eu disse que os membros não foram contados como pernas no mesmo sentido que as outras pernas. Vemos dois tipos de pernas: As "quatro pernas" (que de fato não são chamadas de pernas; só são chamados de "pés" [v. 23]), e as "pernas traseiras". O argumento de Till é infundado. Está claro que os hebreus consideraram as duas grandes patas traseiras dos gafanhotos e outros insetos do mesmo tipo, que são os únicos mencionados aqui (nós traduzimos "besouro" como "grilo"), como algo diferente que dos outros quatro membros - talvez porque eles eram mais usados para pular, já que os outros membros eram para andar. Na verdade, se lêssemos cuidadosamente, isto está implícito em 11:21.

Inaceitável? A alternativa é dizer que os hebreus - que comiam estas coisas cruas - não viam que estes bichos tinham seis patas. Talvez eles fechassem os olhos antes de comer...?



15. Os caracóis não se dissolvem

Sl. 58.8  Sejam como a lesma, que passa diluindo-se; como o aborto de mulher, não vejam nunca o sol

A NIVdiz: "Como a lesma vai se dissolvendo ao andar". Esta é uma parte poética (os salmos são, afinal de contas, poesia) pois a lesma deixa uma trilha ao caminhar. Seria o mesmo que dizer que o caracol desaparece em sua concha - ou a trilha que também deixam.



16. Aves da água ou da terra?

Gn. 1.20-21 Disse também Deus: Povoem-se as águas de enxames de seres viventes; e voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus. Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom.

Gn. 2.19 Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles

Odiaríamos perturbar o rei James novamente, né? Mas ele não esperou que seu texto fosse usado errado aqui. Pobre sujeito, só tentou fazer uma coisa boa...

      Tente a interpretação da NIV:

Gn. 1.20-21a  E Deus disse, "abunde a água com criaturas viventes, e voem os pássaros  sobre a terra pela expansão do céu". Assim Deus criou as grandes criaturas do mar e todo vivente que há na água, e todo pássaro de acordo com seu tipo.

      Assim, Gn.1:20 não diz o do que os pássaros foram feitos, mas o versículo 2:19 (veja, foram formados) completa o quadro. 1:20-21a só diz onde onde as criaturas viviam. Porém, a passagem do cap. 2 pode indicar um evento especial para nomear os animais.



17. Engenharia genética estranha

Gn. 30.39  E concebia o rebanho diante das varas, e as ovelhas davam crias listadas, salpicadas e malhadas

      O que está acontecendo aqui exatamente? É um pouco difícil de falar sobre isso só com este versículo. O leitor deve consultar Gn.30:25-31:13 para ver o contexto.

      Já? Bom. Será que Jacó fez uma simpatia? Ele fez isso para que as ovelhas tivessem descendentes listrados? Ele fez isso?

      Porém, em 31:20-22, Jacó mostra que Deus lhe revelou em um sonho que Labão o estava trapaceando. Não se fala deste sonho na Bíblia, mas deduzimos isso baseados no fato que Jacó diz que Deus interveio para acabar com as trapaças de Labão para com ele. Jacó obviamente
PENSOU no princípio que as varas eram as responsáveis pelo que estava acontecendo, mas dos eventos do cap. 31, parece que Deus esclçareceu o fato para Jacó! Poderíamos imagina o seguinte diálogo, baseados em Gn. 31:10-13:

           DEUS: Jacó!

           JACÓ: Sim, estou aqui.

           DEUS: Viste em seu sonho que todas as cabras masculinas que se acasalam com o rebanho são listradas?

           JACÓ: Sim, Senhor. Isso por causa das varas que cortei -

           DEUS: Que varas, nada. Fui Eu que FIZ, seu ignorante.

           JACÓ: Hã....

           DEUS: Você me ouviu. Olhe, o que você não percebe é que Labão o enganou todo
           este tempo. Não gostei disto, assim lhe ajudei.

           JACÓ: Mas e as varas?

           DEUS: Eu lhe falei, elas não tiveram nada a ver com isto! Eu sou o Deus de Betel - lembra-se onde você dedicou aquele altar e fez um voto a Mim?

           JACÓ: Sim, mas -

           DEUS: Eu tenho o poder para fazer este tipo de coisa, Jacó. É tempo de você largar essa simpatia e dar atenção a Mim. Realmente, você deveria ter pedido minha ajuda primeiro em vez de usar essa simpatia. Agora deixe esta terra imediatamente e volte à sua pátria. Nós temos negócios a tratar.

           JACÓ (se deculpando): pelo menos eu posso tomar um cafezinho antes?

      (Alguns comentaristas também sugeriram que as varas descascadas fossem algum tipo de indução pavloviana para fazer os rebalhos se acasalerem. Um afrodisíaco para cabras?)



18. A forma da Terra

Mt. 4:8 Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles

Os astros são esféricos, e você não pode ver a toda a superfície da Terra de um só lugar. Os reinos do Egito, China, Grécia, Creta, Ásia Menor, Índia, maia,(no México), Cartago (na África do Norte), Roma (na Itália), Coréia, e outros lugares estavam muito espalhados pelo mundo.

      O versículo em Mateus não quer dizer uma terra plana, nem uma gigantesca montanha de onde se daria para ver a Terra inteira. Eu sempre pensei que a viagem para a montanha foi um tipo de um barato jogo psicológico de Satanás, mostrando as imagens dos reinos por meio de uma projeção de algum tipo, como em uma tela de computador! Na verdade, isto é sugerido pelo versículo paralelo em Lc. 4.5 -

           E, elevando-o, mostrou-lhe, num momento, todos os reinos do mundo.

      Porém, como qualquer um que escalou montanhas sabe - e o escritor de Mateus seguramente sabia, se ele vivesse na área ao redor de Judéia, como Mateus - quanto mais alto se sobre, as coisas embaixo ficam menores, por causa da perspectiva. Assim, teríamos o seguinte diálogo:

           SATANÁS: Olhe para o noroeste, o esplendor e glória de Roma! Olhe só o senado! Veja o grande templo de Zeus e...

           JESUS: Onde?

           SATANÁS (perplexo): Como?

           JESUS: O senado. Cadê? Não dá pra ver direito daqui.

           SATANÁS: É o com o telhado vermelho ali, próximo ao Palácio do Imperador!

           JESUS (Apertando os olhos para ver): Desculpe. Não posso ver.

           SATANÁS: É o edifício retangular, próximo ao - espereuminuto - é aquele ali um prédio á direita.

           JESUS: Por que não descemos e vemos mais de perto? Somos seres sobrenaturais, seria fácil -

           SATANÁS (perdendo a paciência): NÃO! Esta é minha excursão, e eu farei do jeito que eu quiser!
Vamos ficar aqui!

           JESUS (Suspirando): Tudo bem. Só que vai ser meio difícil vermos o Japão daqui.

      Até mesmo numa Terra plana, um alto monte seria um lugar muito impróprio para ver "os reinos do mundo e a glória deles". Além disso, se Mateus disse que este monte existiu, então obviamente, daria para ver este monte de todo lado do mundo, o que faria o leitor de Mateus rolar de rir! É absurdo sugerir que Mateus estava falando dessa forma. (O monte  em questão talvez foi o monte da Quarentena, perto de onde João O batizou. Dá pra ter uma bela visão do vale do Jordão). 

O Comentário Jamiesson, Fausset and Brown diz: "Lucas adiciona uma importante frase: 'num momento', o que parece ser a chave para entendermos o significado. Está claro que nosso Senhor viu a cena com os olhos. Mas limitar isto para o limite do que o olho pode ver é dar uma sentido à expressão 'todos os reinos do mundo' um sentido muito errado. Permanece, então, juntar da expressão, " em um momento de time"—which manifestadamente é pretendido que intima algum operation—that sobrenatural foi permitido ao tentador para estender preternaturally para um momento nosso o alcance de Senhor de visão, e lança uma " glória " ou reluz em cima da cena de visão: uma coisa não incompatível com a analogia de outras declarações bíblicas relativo às operações permitidas do mau. Neste caso, a " altura " excedendo da " montanha " da qual esta visão foi vista favoreceria o efeito a ser produzido.
 

 

VOLTA

           

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