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Deificação - um equívoco mórmon

Por Emerson de Oliveira

A doutrina da deificação (ou se tornar um deus) é uma das doutrinas-chaves do mormonismo. Tanto é que o autor mórmon Michael T. Griffith, em seus "41 pontos da verdadeira Igreja" fala sobre isso:

"PONTO 12 - O homem pode atingir a divindade: uma das mais importantes doutrinas da Igreja primitiva foi que nós temos o potencial para sermos como nosso Pai Celestial, isto é, nos tornarmos deuses" (grifo nosso)

O presidente da igreja SUD, Lorenzo Snow, também disse: ""Assim como o homem é, Deus já foi; assim como Deus é o homem poderá vir a ser."

Para isto eles citam alguns versículos como Mt. 5:48, Rm. 8:16-17, IICo. 3:18, IIPd. 1:4, IJo. 3:2 e outros. Partindo do princípio de harmonia bíblica, só basta discutirmos um ponto para podermos falar de todos. Portanto, vamos escolher IIPd. 1.4. Antes de tudo, queremos ressaltar que a expressão "pequenos deuses" pode ser infeliz, mas não é herética em si mesma, desde que não seja usada para transmitir a idéia de que o homem é igual a Deus ou uma parte dele. A igreja Oriental Ortodoxa, por exemplo, ensina que os crentes são deificados no sentido que foram adotados como filhos de Deus, habitados pelo Espirito de Deus e trazidos à comunhão com Ele que, afinal, os leva à glorificação. Eles, entretanto, não ensinam que seres humanos falíveis sejam reproduções ou duplicatas exatas de Deus. Assim sendo, a doutrina por eles denominada de deificação, no sentido em que a empregam, é coerente com as Escrituras e consoante com uma visão global monoteísta.

Realmente, os Pais gregos ensinaram a doutrina da deificação, mas no sentido de que o Espírito Santo reside dentro dos cristãos e os transforma na imagem de Deus em Cristo, dotando-os da ressurreição para a imortalidade e do caráter moral de Deus (ver Augustine's Concept of Deification," JOURNAL OF THEOLOGICAL STUDIES, n.s., 37 (Oct. 1986): 369-386). Isto é totalmente bíblico e é chamado de deificação monoteísta.

Acontece que o mormonismo ensina a chamada deificação politeísta. Para os mórmons, a Trindade são três deuses (Bruce R. McConkie, MORMON DOCTRINE, 2nd edition (Salt Lake City, UT: Bookcraft, 1966), 317). Ao dizerem que há muitos deuses mas só um merce ser adorado, os mórmons são henoteístas. Assim, o significado de deificação pelo mormonismo é muito diferente do ensinado pelos Pais gregos, apesar dos argumentos mórmons pelo contrário (ver "Unorthodox Orthodoxy: The Idea of Deification in Christian History," SUNSTONE 9 (Sept.-Oct. 1984), 13-18).

Vamos a citação de IIPd. 1.4:

"pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo" (grifo nosso)

Obviamente que os mórmons deduzem daí que o homem pode ser um ser exaltado, com as mesmas características de Deus (os mórmons, para diminuírem o impacto deste ensino, dizem que os homens se tornam deuses sim, mas mesmo assim continuam adorando Deus. Esta é mais uma forma de dar aparência bíblica a um ensino deste tipo). Este versículo não dá a entender que teremos a essência de Deus em nós, mas o conhecimento, retidão e santidade, que são reflexos da perfeição de Deus (veja Ef.4.24 e Cl. 3.10).

O Quadros Verbais do Novo Testamento, de Robertson, diz:

{da natureza divina} (yeiav fusewv). Esta frase, como to yeion em #At. 17:29, "pertence mais ao helenismo do que a Bíblia" (Bigg). É uma frase estóica, mas não com o significado estóico. Pedro está se referindo ao novo nascimento como em IPd 1.23 (anagegennhmenoi - em grego, regenerados). A mesma frase ocorre em uma inscrição talvez sob a influência do mitraísmo (Moulton and Milligan’s _Vocabulary_).

Vemos aqui por este respeitado erudito de grego que não se fala de uma exaltação a Deus mas sim de recebermos características de um novo nascimento. Em todo sentido, esses versículos que os mórmons adotam se referem a adoção que Deus nos faz como seus filhos, não que seremos deuses.

Portanto, aparentemente os apologistas mórmons, ao dizerem que seremos deuses mas ainda adoraremos a Deus, estão tentando dar uma roupagem cristã ao henoteísmo.

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