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Resposta ao site TJ O Sentinela sobre a tradução correta 
de Hb. 1.8

Por: Emerson H. de Oliveira

Há uma matéria no site O Sentinela chamada Qual a maneira de traduzir Hebreus 1-8? onde a TJ (traduzindo de um site espanhol) tenta defender a tradução da NM de Hb.1.8. O texto do artigo TJ está em preto e minhas respostas em azul

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Se compararmos a forma de traduzir Hebreus 1:8 do grego bíblico com alguns idiomas modernos (como o inglês, espanhol e português) entre algumas versões, veremos que poderá haver certas diferenças.

 

Para podermos fazer uma idéia sobre quais são essas diferenças e conhecer as razões de tais discrepâncias, comparemos a tradução desse versículo em duas diferentes versões. Vejamos primeiro como traduz Hebreus 1:8, 9 a Tradução do Novo Mundo com referências, de 1996 (NM).

 

“Mas, com referência ao Filho: “Deus é o teu trono para todo o sempre, e o cetro do teu reino é o cetro da retidão. Amaste a justiça e odiaste o que é contra a lei. É por isso que Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de exultação mais do que a teus associados”.

 

Vejamos agora como são traduzidos estes versículos pela versão Almeida, revista e corrigida, revisão de 1995:

 

“Mas, do Filho, diz: “Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e aborreceste a iniqüidade; por isso Deus, o teu Deus te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros”.

 

Veja também como é traduzido pela Edição Pastoral:

 

“Sobre o Filho, porém, afirma: “O teu trono, ó Deus, permanece para sempre, e o cetro da retidão é o cetro do teu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade. Por isso Deus, o teu Deus te ungiu com perfume de festa, preferindo-te aos teus companheiros”.

Toda a questão aqui é sobre se o versículo chama Jesus de Deus (pois segundo a Almeida e outras versões respeitáveis o versículo claramente se dirige a Jesus). A versão TJ verte para "Deus é teu trono" (para uma discussão sobre a gramática deste texto veja aqui). Mas como disse Barnes em seu comentário "como pode Deus ser o trono de uma criatura? Onde há paralelo bíblico para isto?"
Para começarmos, vejamos o texto grego original com uma tradução palavra por palavra para o português:

   prós             dé      tón    Huión    Ho    thrónos    sou  ho Theós eis tón aioóna toú 
com respeito  mas  [a]o  Filho           trono          teu   Deus       para   sempre

(Bíblia Interlinear Transliterada. Copyright (c) 1994 da Biblesoft)


Vemos aqui que o texto diz literalmente: "com respeito ao Filho trono teu Deus para sempre". Colocamos só a parte "a" do versículo. Então fica: podemos dizer "teu trono, ó Deus" ou "Deus é o teu trono"?

A resposta vai estar no hebraico, pois a citação de Hb. 1.8 é do Sl.45.6. Vejamos o que diz o hebraico original:


Kic'ªkaa      'Elohiym       `owlaam          waa`ed
Teu trono    ó Deus      para sempre      e sempre*

* grifo nosso
(Bíblia Interlinear Transliterada. Copyright (c) 1994 da Biblesoft)


UHOU! O hebraico diz "teu trono, ó Deus", não "Deus é teu trono" como a TNM. Sejam quais forem as dúvidas que pairem sobre a tradução de Hb.1.8, o original hebraico dissipa tudo. NÃO HÁ como traduzir errado o hebraico. Jesus se refere a isso em Mt. 28.18: "Toda a AUTORIDADE me foi dada no céu e na terra". O que Ele quis dizer era: "meu trono, isto é, meu domínio, extende-se da Criação a consumação de todas as coisas. Nenhuma das antigas versões da Bíblia traduz errado como a NM, nem em Hebreus nem no salmo.

A diferença principal entre essas versões está na primeira frase do versículo 8 que, segundo a versões Almeida e Edição Pastoral, se diz: “Ò Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos” (Al) e “O teu trono, Ó Deus, permanece para sempre” (Ed. Pastoral). Contudo, a NM diz: “Deus é o teu trono para todo o sempre”.

Ainda que a diferença aparentemente seja pequena, tem a sua importância. Hebreus 1:8 é um texto que é usado por algumas igrejas que afirmam ser cristãs para provar que Jesus é o Deus Todo-Poderoso. Assim, as versões que, como a NM, o traduzem de uma maneira na qual não se chama ‘Deus’ a Cristo são criticadas com dureza por certas pessoas.

 

Se quisermos saber exatamente o que é que a Bíblia ensina neste texto, temos que nos apartar de preconceitos e fazer um detido exame sobre o assunto.

A TNM veio com a premissa de ser uma nova versão que mostra outras possíveis formas de tradução além daquelas já adotadas (pela Bíblia de Jerusalém, TEB, Almeida, etc.). O problema é que não é bem assim. Ela não veio para isso mas para deturpar os versículos à moda das TJ. Realmente, é possível que Hb..18 tenha outra forma de traduzir mas deixar de ler esta minha resposta e ignorá-la é uma tremenda falta de entendimento. A TNM só engana leigo e quem não tem conhecimentos. Nenhum professor respeitável de línguas bíblicas a toma a sério.

Pode-se afirmar, então, que a segunda interpretação possível na RV95 é a mesma que oferece a NM. Pois bem, é gramaticalmente correta esta interpretação? Com respeito a esta questão, A.T. Robertson (um erudito em gramática grega e protestante conservador) fez o seguinte comentário sobre esta frase em seu livro Robertson’s NT Word Pictures em Cd-rom:

 

Ó Deus [ho theos]. Esta citação (a quinta) foi tomada do Salmo 45:7. Uma ode nupcial hebraica (epitalamio), dedicada a um rei que aqui se considera messiânico. Não é seguro se ho theos é, neste texto, um vocativo (com a forma do nominativo, como em João 20:28, onde se dirige ao Messias como theos, o que é possível, João 1:18), ou se ho theos é um nominativo (sujeito ou predicado) que tem o verbo estin (é) subentendido: “Deus é teu trono” ou “Teu trono é Deus”. Qualquer destes sentidos é correto.

 

Robertson afirma que é possível que ho theos (literalmente: “O Deus”) seja um vocativo ou um nominativo; ambas as opções são possíveis. Ou, o que é mesmo, que só pela gramática, ninguém poderia assegurar qual das interpretações é a correta. Ambas traduções seriam aceitáveis.

De novo, para ver uma discussão COMPLETA sobre isto veja aqui. Robertson está aqui comentando o Novo Testamento. Ele não comenta o texto hebraico do Sl.45.6. Que engraçado, autor TJ: Robertson não faz parte da "sabedoria do mundo" ou da "cristandade"? Novamente, só mostram que as TJ usam essas autoridades para satisfazer sua própria teologia. Quando vemos o hebraico, vemos que não há nenhuma exigência gramatical para esta tradução, embora seja considerada ser a melhor tradução pela maioria dos tradutores. De novo a maior prova contra as TJ: EM NENHUM LUGAR DAS ESCRITURAS DEUS É CONSIDERADO O TRONO DE UMA CRIATURA! E não adianta citar Ap. 3.21 como fez o "Sertanejo" (uma TJ) pois ele não diz nada sobre Deus ser trono (mas só trono de Deus). 

 

Também, Robert Young (um erudito presbiteriano, autor da versão da Bíblia conhecida como A Literal Translation of The Bible, e da concordância bíblica Analytical Concordance to The Bible) escreveu em seu comentário da Bíblia Concise Critical Comments on The Holy Bible o seguinte a respeito de Hebreus 1:8:

 

[Ó DEUS] Este é um caso claro em que Cristo é chamado “Deus”, mas como o v. 9 fala de Deus como seu “Deus”, não podemos recalcar que aqui se prove a suprema divindade do Salvador; ademais, pode ser perfeitamente traduzido por “Deus é teu trono – pelos séculos dos séculos”; em qualquer caso, se aplica somente ao trono mediador.

 

Como vimos, Young explica neste comentário que é correto traduzir Hebreus 1:8 das três maneiras mencionadas no princípio e que não se pode usar este texto para provar a ‘divindade suprema do Salvador’.

Quem traduziu este artigo do site espanhol se esqueceu de mencionar que Young (J. N. Young e não Robert Young) traduz o Sl.45.6 como "Teu trono, ó Deus, é para sempre e sempre". O autor TJ não deu mais detalhes sobre a fonte (página, edição) e portanto não posso aferir melhor a fonte de Young. Mas penso duas vezes antes de confiar numa citação TJ (vide as citações fraudulentas do folheto da Trindade). De qualquer forma, é um comentário de Young (e note que ele diz que em Hb. Jesus é chamado de Deus). 

Lembre-se, portanto, que Hebreus 1:8, 9 é uma citação do Salmo 45:6, 7, que se dirigia originalmente a um rei humano de Israel.

 

Sim, mas é um salmo messiânico. Como disse o Irmão Brasileiro, a miopia da Torre de Vigia é de 1000 graus. O salmo NÃO fala de Salomão, pois muitas coisas nele não se referem a Salomão (ele não foi maior que os outros homens, não foi um guerreiro e nem seu trono durou para sempre e sempre. Ele não foi uma pessoas divina, nem objeto de adoração). O salmo se refere ao MESSIAS, e assim entenderam os antigos judeus: o Targum o aplica a Ele. Não dá para traduzir "teu trono é Deus" ou "Deus é teu trono". As palavras não se referem ao Pai, mas ao rei, o sujeito do salmo, distinto do Pai.

 

 Com certeza, o escritor deste salmo não achava que este rei humano era o Deus Todo-poderoso, e nem tampouco o escritor de Hebreus achava que Jesus fosse o Deus Todo-poderoso. Em seu comentário, o erudito B. F. Westcott disse: “É bem improvável que אלוחים [‘Elo·hím, “Deus”] no original fosse dirigido ao rei. ...Assim, de modo geral, parece melhor adotar na primeira parte da frase a tradução: Deus é Teu trono (ou, Teu trono é Deus), isto é, ‘Teu reino funda-se em Deus’.”


Com certeza falta exegese a você, autor deste artigo. Com que autoridade este autor pode falar essas coisas? É claro que a TNM, numa escolha entre duas possíveis traduções, vai escolher uma que favoreça sua teologia (e fazem a acusação "espelho" de dizer que são os trinitárianos que "forçam" a tradução a seu gosto. Um argumento "homem-de-palha" clássico para esconder o assunto). As TJ fazem de ho Theos (Deus) em Hb. 1.8 um caso nominativo (sendo que é vocativo). Em Hb.1.8 o Pai fala do e para o Filho, descrevendo Sua natureza em comparação aos anjos descritos antes. Eles foram criados como espíritos, mas ele era Deus; eles eram ministros e servos no reino onde ele era o Rei; então Seu nome e Sua pessoa é melhor que eles.
Sobre a citação de Westcott, o autor não deu nenhuma referência. 
O autor deste texto tem o mesmo argumento do Raciocínios...(pág. 414): "Em harmonia com o fato de que Deus é o "trono", ou a Fonte e o Sustentador da realeza de Cristo, Daniel 7:13, 14 e Lucas 1:32 mostram que Deus lhe confere tal autoridade". Eles partem de uma premissa errada e chegam a uma conclusão errada. A LXX claramente traz: "teu trono, ó Deus". O salmo é messiânico e se refere ao um rei futuro. Hebreus o aplica a Cristo. Portanto, Cristo é Deus.
O estudioso protestante James White explica bem:

“… A ligação entre o Senhor Jesus e Salomão tem a ver com uma característica compartilhada: monarquia. Mas a monarquia não era exclusiva de Salomão. Houve muitos reis. Enquanto citar uma passagem sobre Salomão de Jesus não faz Jesus ser Salomão, citar uma passagem sobre uma única característica (Criador, imutabilidade, eternidade) de Jeová faz Jesus ser Jeová, pois ninguém mais tinha estas características. Ser um rei não fez Salomão ser o que ele era, mas ser eterno e inalterável só Jeová podia ser.” (White, pág. 135 - grifo nosso)

Além disso, a TJ aqui nem sabe que seu argumento na verdade reforça a posição  trinitariana. Por exemplo, Jesus e Salomão eram descendentes de Davi, que eram divinamente consagrados como reis e filhos reais de Deus. Os dois tinham títulos e funções semelhantes mesmo sem dizer que eram a mesma pessoa. 

DA MESMA FORMA, aplicar a Cristo uma passagem que se referia originalmente a Jeová Deus mostra que o autor de Hebreus acreditava que o Pai não é o único que é imutável, eterno e Criador do cosmo; o Filho também é! A aplicação do salmo 102 para Jesus prova que o Filho, como o Pai, é o verdadeiro Deus. Que o Pai e o Filho executam obras que a Bíblia diz que só Jeová executa mostra que Jeová é um Ser multi-pessoal. Não mostra que o Filho é a mesma pessoa que Pai, mas que o Filho tem a mesma essência e natureza.

O contexto deste versículo no salmo 45 está tratando de um rei que é tratado como Deus. Mas, não era incomum aos escritores do NT tomar um versículo do AT que aparentemente lida com um assunto e o aplica a outro. Eles sabiam de algo que nós não sabíamos. De fato, em Ez. 28:12-17 há uma seção que trata da queda do diabo. O versículo 13 descreve como ele estava no jardim do Éden. O versículo 14 diz que ele era o querubim ungido, (v. 15), etc. Mas o contexto desta seção começa com uma fala ao rei de Tiro (v. 12). Assim, pouco depois que Ezequiel escreve ao rei de Tiro ele então descrever o que a grande maioria dos teólogos concorda que seja uma descrição da queda do diabo. Assim, precisamos olhar o contexto que o escritor de Hebreus colocou no Salmo 45:6. Ele o dirigiu a Jesus. Então,o  Salmo 45 é um Salmo Messiânico e deve ser interpretado levando em conta o NT, não o contrário. 
Dizer "Deus é seu trono" não faz sentido. A qual dos anjos Deus disse que Ele era seu trono? Deus é o trono de Jesus? Deus está sozinho em seu trono e Ele não é trono de ninguém. 

Portanto, resumindo o que foi analisado até agora, vemos que é devido ao fato que o grego bíblico se escrevia em letras maiúsculas (unciais), sem separar uma palavra das outra nem usar sinais de pontuação, que se possa traduzir Hebreus 1:8, de uma maneira gramaticalmente correta, de forma com fazem as versões citadas.


É assim. Como não consegue se sustentar a TNM tem que usar outras versões como muleta para se defender, mesmo quando a maioria for ariana e modernista. Moffatt cometia falhas em traduções, assim como tinha uma idéia própria da Bíblia. Bíblias parafraseadas não são boas para estudo. E a Bíblia de Jerusalém diz: "teu trono, ó Deus". 
A crítica das TJ contra os trinitários serve para demonstrar a inconsistência da hermenêutica empregada pelos apologistas TJ e acaba com sua doutrina que Cristo é o arcanjo Miguel. É comum para os apologistas TJ afirmar que como Miguel e Jesus compartilham funções semelhantes, eles devem ser a mesma pessoa. As Testemunhas acham que é perfeitamente consistente dizer que pelas suas semelhanças, Jesus é Miguel, apesar do fato que não há uma única passagem no NT que mostre que Jesus é Miguel! 

As Testemunhas então se ressabiam quando os trinitários concluem que Jesus é Jeová, embora esta posição esteja baseada no fato que existem MUITAS passagens no AT que mostram títulos, atributos, funções e a adoração dada exclusivamente a Jeová sendo aplicadas a Cristo! É bastante evidente que os apologistas TJ sejam culpados de um padrão duplo de pensamento e empregam uma metodologia que eles rapidamente condenam os trinitários por usar. Esta é uma hipocrisia religiosa. 

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