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Apelo a motivos (em vez de razões)
Stephen Downes
Universidade de Alberta

As falácias desta secção têm em comum o facto de apelarem a emoções ou a outros factores psicológicos. Não avançam razões para apoiar a conclusão.

Apelo à força (argumentum ad baculum)
O auditório é informado das consequências desagradáveis que se seguirão à discordância com o autor.

Exemplos:

  • É melhor admitires que a nova orientação da empresa é a melhor — se pretendes manter o emprego.
  • A NAFTA é um erro! E se não votares contra a NAFTA, então "votamos-te" para fora do escritório.
Prova: Identifique a ameaça e a proposição. Argumente que a ameaça não tem relação com a verdade ou a falsidade da proposição.

Referências: Cedarblom e Paulsen: 151; Copi e Cohen: 103.

Apelo à Piedade (argumentum ad misercordiam)
Definição: Pede-se a aprovação do auditório na base do estado lastimoso do Autor.

Exemplos:

  • Como pode dizer que eu reprovo? Eu estava mais perto da positiva e, além disso, estudei 16 horas por dia.
  • Esperamos que aceite as nossas recomendações. Passámos os últimos três meses a trabalhar desalmadamente nesse relatório.
Prova: Identifique a proposição e o apelo à autoridade e argumente que o estado lastimoso do argumentador nada tem a ver com a verdade da proposição.

Referências: Cedarblom e Paulsen: 151; Copi e Cohen: 103, Davis: 82.

Apelo às consequências (argumentum ad consequentiam)
O argumentador, para “mostrar” que uma crença é falsa, aponta consequências desagradáveis que advirão da sua defesa.

Exemplos:

  • Não podes aceitar que a teoria da evolução é verdadeira, porque se fosse verdadeira estaríamos ao nível dos macacos.
  • Deve-se acreditar em Deus, porque de outro modo a vida não teria sentido. (Talvez. Mas também é possível dizer que, como a vida não tem sentido, Deus não existe.)
Prova: Identifique as consequências e argumente que a realidade não tem de se adaptar aos nossos desejos.

Referências: Cedarblom e Paulsen: 100; Davis: 63.

Apelo a Preconceitos
Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais à crença na verdade da proposição.

Exemplos:

  • Os portugueses bem intencionados estão de acordo em plebiscitar a pena de morte.
  • As pessoas razoáveis concordarão com a nossa política fiscal.
  • O primeiro-ministro tem a veleidade de pensar que as novas taxas de juro ajudarão a diminuir o déficit. (O uso de "tem a veleidade de pensar" sugere sem argumentos que o primeiro ministro está enganado.)
  • Os burocratas do parlamento resistem às leis de defesa do património. (Compare-se com: "Os parlamentares rejeitaram a proposta de lei de defesa do património.")
Prova: Identifique os termos preconceituosos usados: (p. ex.:. "portugueses bem intencionados" ou "Pessoas razoáveis"). Mostre que discordar da conclusão não é suficiente para dizer que a pessoa é "mal intencionada" ou "pouco razoável".

Referências: Cedarblom e Paulsen: 153; Davis: 62.

Apelo ao povo (argumentum ad populum)
Com esta falácia sustenta-se que uma proposição é verdadeira por ser aceite como verdadeira por algum sector representativo da população. Esta falácia é, por vezes, chamada "Apelo à emoção" porque os apelos emocionais pretendem atingir, muitas vezes, a população como um todo.

Exemplos:

  • Se você fosse bela poderia viver como nós. Compre também Buty-EZ e torne-se bela. (Aqui apela-se às "pessoas bonitas")
  • As sondagens sugerem que os liberais vão ter a maioria no parlamento, também deves votar neles.
  • Toda a gente sabe que a Terra é plana. Então por que razão insistes nas tuas excêntricas teorias?

Referências: Copi e Cohen: 103; Davis: 62.

Stephen Downes
Tradução e adaptação de Júlio Sameiro

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