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Non-sequitur
Stephen Downes
Universidade de Alberta

O termo non sequitur significa literalmente "não se segue que". Nesta secção descrevemos falácias que ocorrem em consequência da forma de argumento usado ser inválida.

Falácia da afirmação da consequente

Esta falácia deriva da confusão entre condição suficiente e condição necessária. Por exemplo: dadas as proposições

    P = Hitler levou com a bomba H.
    Q = Hitler morreu.
se admitir que P é verdadeira, concluirei que Q é verdadeira. P é suficiente para Q. Q é necessária para P (não há P sem Q). Mas, do facto de Q ser verdadeira, não posso concluir que P o seja (Q não é suficiente para P). Logo, todo o argumento com a seguinte forma é inválido:
    Se P, então Q.
    Ora, Q.
    Logo, P.

Exemplos:

  1. Se jogamos bem, ganhamos. Ora, ganhámos. Logo, jogámos bem. (De facto jogámos mal, mas o adversário jogou pior e o árbitro ajudou)
  2. Se estou em Faro, estou no Algarve. Ora, estou no Algarve. Logo, estou em Faro. (Claro que posso estar em Olhão ou em Sagres.)
  3. Se a fábrica estivesse a poluir o rio, então veríamos o número de peixes mortos aumentar. Há cada vez mais peixes a morrer. Logo, a fábrica está a poluir o rio.

Prova: Mostre que, mesmo sendo as premissas verdadeiras, a conclusão pode ser falsa. Em geral basta mostrar que Q pode ser consequência de outra coisa que não P. Por exemplo, a morte dos peixes pode ser provocada pela aplicação de pesticidas e não pela fábrica.

Referências: Barker: 69; Cedarblom e Paulsen: 24; Copi e Cohen: 241.

Falácia da negação da antecedente

Nesta falácia confunde-se a condição suficiente com a condição necessária. Com uma frase condicional (Se P, então Q) dizemos que se P for verdadeira, Q também é; mas não dizemos que a recíproca é verdadeira. Por isso, os argumentos com a seguinte forma são inválidos:

    Se P, então Q.
    Não-P.
    Logo, não-Q.

Exemplos:

  1. Se fores atingido por um carro quando tiveres 6 anos, morres jovem. Mas não foste atingido por um carro aos 6 anos. Portanto, não vais morrer jovem. (Claro que ele poderia ser atingido por um comboio com a idade de 6 anos e, nesse caso, morria jovem)
  2. Se estou em Faro, então estou no Algarve. Não estou em Faro. Logo, não estou no Algarve. (Mas pode estar em Olhão...)

Prova: Mostre que a conclusão pode ser falsa mesmo que as as premissas sejam verdadeiras. Em particular, mostre que a consequente, Q, pode ocorrer mesmo que P não ocorra.

Referências: Barker: 69; Cedarblom e Paulsen: 26; Copi e Cohen: 241.

Falácia da inconsistência

O argumentador avança pelo menos duas proposições que não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. Em tais casos as proposições podem ser contrárias ou contraditórias.

Exemplos:

  1. Montreal está a cerca de 200 km de Otava, enquanto Toronto está a 400 km de Otava. Toronto está mais perto de Otava do que Montreal.
  2. John é maior do que Jake, e Jake é maior do que Fred, enquanto Fred é maior do que John.

Prova: Parta de uma das afirmações e use-a como uma premissa para mostrar que a outra é falsa.

Referências: Barker: 157.

Stephen Downes
Tradução e adaptação de Júlio Sameiro

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