Mesmo
Espírito, Médiuns Diferentes
Por Cledson Ramos
Seguem trechos de uma reportagem
("Rubens vai ter concorrência na Penha") publicada
pelo jornal "O Dia" , em 13 de fevereiro de 1999:
Enquanto Rubens Faria enfrenta
a briga com a ex-mulher Rita de Cássia e está às voltas com a polícia,
o médium e missionário do Paraná Dom José Penuz está pronto
para instalar um centro espírita no Rio. Ele também garante
incorporar o verdadeiro espírito do Dr. Fritz e, coincidentemente,
alugou um galpão também no curtume onde Faria atuava, na Penha.
Dom José convidou Eurípedes,
braço direito de Rubens, para ser seu administrador. O funcionário
foi acusado por pacientes de ser um dos controladores do dinheiro
que entrava para Faria. Mas o missionário parece não se importar e
afirma que, desde 91, ano da morte do médium Edson Queiroz, recebe
o espírito do alemão, que teria lhe dito que Rubens nunca foi seu
"cavalo".
"Não gosto de julgar, mas
o Fritz nunca disse que incorporou o Rubens. Ao contrário, sempre o
criticava", afirma Dom José, que diz atender, em média, três
mil pessoas por semana em Ponta Grossa e região.
Menos famoso que Rubens, Dom
José garante que foi o próprio Fritz quem o aconselhou a trabalhar
no Rio. Ele afirmou que o médico alemão só exigiu
responsabilidade e respeito aos pacientes, coisa que, para ele, foi
o maior erro de Rubens.
O mesmo jornal, agora em 22 de
fevereiro de 1999, publica outra interessante reportagem. Eis alguns
trechos:
Dr. Fritz vira
advogado no Gugu
Espírito defende Rubens de Faria: 'Eu sinto a
dor dele'. A audiência do SBT disparou
Contando até mesmo com a ajuda do espírito do médico
alemão Dr. Fritz, que ele incorporou no ar, o médium Rubens de
Faria reapareceu ontem em público, no programa Domingo Legal,
mostrando uma nova imagem (agora ele está usando uma barba),
dizendo-se vítima de acusações inverídicas.
A incorporação se deu no fim
do programa, quando a voz do médium foi substituída por uma com
sotaque. Dr. Fritz defendeu o amigo Rubens: "Eu sinto a dor
dele, a dor que aperta seu peito num momento decisivo da sua vida.
Eu oro por ele".
Durante 45 minutos, 30 dos
quais com o próprio médium no ar, Rubens defendeu-se das acusações,
reclamou da imprensa – "são manchetes que estão sendo
colocadas, eu não sei com que propósito" – chorou, mandou
recados para a filha, falou do infarto do pai, mas deixou perguntas
sem respostas. Não disse em que faculdade e em que ano se formou.
Comparando as duas reportagens
acima, logo de início, poder-se-ia formular a seguinte questão:
como um mesmo espírito (Dr. Fritz) apresenta opiniões tão
divergentes ? No primeiro caso, ele (o espírito) ataca diretamente
o médium Rubens de Faria e, menos de dez dias depois, vai ao
programa do Gugu na TV defendê-lo !
Tal é apenas mais um exemplo do
que se verifica ao longo da história do espiritismo: a mesma
"entidade" , quando "incorporada" em diferentes
médiuns, apresenta fatos, opiniões e ensinamentos diversos. Agora,
caberia outra pergunta: haveria mesmo tal "incorporação"
?
A resposta é NÃO. As
"mensagens reveladas" não tem nada do outro mundo, mas do
mundo dos vivos mesmo. As informações passadas são as mesmas que
se encontram na mente do médium e, no máximo, das demais pessoas
presentes. Um exemplo típico são as reuniões mediúnicas. Quando
seus componentes são pessoas de alguma cultura, as mensagens
apresentam um nível até razoável. Já quando os componentes são
pessoas mais simples e ignorantes, o mesmíssimo espírito só
revela banais informações. O próprio D-Home, um dos maiores
sensitivos de todos sos tempos, denuncia este fato.
Já personalidades como o Dr.
Richet se mostram até irônicas quanto a esta realidade: "Mostra-nos
eles poetas que não sabem conhecem poesia ; filósofos que não
conhecem a filosofia ; padres que não conhecem a religião". (Tratado
de Metpsiquica, I, p. 122).
É de se considerar ainda que
diversos médiuns afirmaram (Arigó, Edson Queiroz...) ou afirmam
(José Penuz, Rubens de Faria...) incorporar o Dr. Fritz. Deve ser o
primeiro caso de "Espírito de Grife" no mundo, mas afora
este inusitado aspecto, observemos: o próprio José Penuz diz
atender "em média, três mil pessoas por semana em
Ponta Grossa e região." Mudou-se para o Rio,
obedecendo o Dr. Fritz, área do concorrente Rubens de Faria, que
atendia muito mais gente. O estopim do escândalo foi justamente o
divórcio deste último e a típica disputa pelos bens o que, em
resumo, mostra também o forte apelo financeiro que envolve tais práticas
mediúnicas.
Obviamente, não há nexo causal
em cobrar pelas consultas e serem falsas as "incorporações",
mas tal informação, a par de outros dados (divergência entre o
que os "espíritos" revelam; divergências entre os médiuns...)
levanta fortes suspeitas quanto a veracidade de tais "incorporações".
O pior de tudo é que o Dr. Fritz
parece colaborar com este estado de algazarra. Ora, já que ele teve
grande audiência no programa do Gugu, no SBT, poderia ter
aproveitado a ocasião e fornecer boas garantias probatórias. No
entanto, a reportagem nos diz que ele "deixou perguntas sem
respostas. Não disse em que faculdade e em que ano se formou."
Certamente estas informações
pedidas seriam muito mais úteis para os fiéis que simples apelos
sentimentalóides a favor ou contra tal médium.
Enfim, sonegou informações básicas.
É uma pena !